Fernanda Montenegro é eleita “imortal” da Academia Brasileira de Letras
Atriz recebeu 32 dos 34 votos possíveis; eleição foi realizada nesta 5ª feira (4.nov.2021)
A atriz Fernanda Montenegro, de 92 anos, foi eleita nesta 5ª feira (4.nov.2021) a nova “imortal” da ABL (Academia Brasileira de Letras). Os “imortais” são membros escolhidos mediante eleição por votação secreta.
A ABL é constituída por 40 membros efetivos e perpétuos. Além deste quadro, existem 20 membros correspondentes estrangeiros.
“Fernanda Montenegro é um dos grandes ícones da cultura brasileira. Intelectual engajada e sensível leitora do real. Sua presença enriquece os laços profundos da Academia com as artes cênicas. Com ela, adentram, luminosos, tantos, personagens, que marcaram gerações, passado, presente e futuro”, disse o presidente da ABL, Marco Lucchesi.
Fernanda Montenegro foi a única candidata à cadeira de número de 17, posto anteriormente ocupado pelo diplomata Affonso Arinos de Mello Franco –que morreu em 15 de março de 2020. Antes, Antônio Hélio da Silva também disputaria a cadeira, mas ele desistiu da candidatura.
Quando um Acadêmico morre, a cadeira é declarada vaga e os interessados têm 2 meses para se candidatar. Primeiro, devem enviar uma carta ao presidente. A eleição é realizada 60 dias depois da declaração da vaga.
O estatuto da ABL estabelece que para alguém candidatar-se é preciso ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor literário.
Em 2019, Fernanda Montenegro lançou sua autobiografia “Prólogo, Ato, Epílogo”. A obra narra sua carreira no rádio, teatro, cinema e televisão. O livro foi escrito em parceria com Marta Góes.
A atriz venceu um Emmy pelo especial “Doce de Mãe” e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1999 por “Central do Brasil”.
Fernanda Montenegro precisava de 18 votos para ser eleita e teve 32 dos 34 possíveis –2 foram em branco. A atriz deve assumir o posto em março de 2022.
Agora, há outras 4 vagas entre os membros da Academia. Uma delas, a cadeira de número 20, é disputada pelo músico Gilberto Gil. O posto era ocupado por Murilo Melo Filho. O poeta Salgado Maranhão também disputará o espaço.
Eis as próximas eleições de imortais da ABL:
Cadeira número 20 (Murilo Melo Filho) – 11.nov.2021;
Cadeira número 12 (Alfredo Bosi) – 18.nov.2021;
Cadeira número 39 (Marco Maciel) – 24.nov.2021;
Cadeira número 2 (Tarcísio Padilha) – 2.dez.2021.
Mulheres na ABL
Fernanda Montenegro é uma das poucas mulheres que conseguiram ingressar na Academia Brasileira de Letras e se destacar. A primeira delas foi a escritora Rachel de Queiroz, eleita em 4 de agosto de 1977 para ocupar a cadeira número 5.
Em seu discurso de posse, disse: “Não entrei para a ABL por ser mulher. Entrei porque, independentemente disso, tenho uma obra”.
A primeira candidatura feminina foi em 1930, de Amélia Beviláqua. No entanto, foi rejeitada. Até 1951, o Estatuto da ABL previa que apenas “brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário” poderiam concorrer.
A candidatura de Amélia foi rejeitada sob a justificativa de que o vocábulo “brasileiros” restringiria suas vagas apenas ao sexo masculino.
Outras mulheres renomadas foram eleitas para a Academia Brasileira de Letras, como Dinah de Silveira Queiroz, Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles, Zélia Gattai e Ana Maria Machado.