COP26 não deve ter acordo sobre mercado de carbono, diz vice do IPCC

Mercado de carbono é o principal tema de interesse do governo Bolsonaro na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas

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A vice-presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), Thelma Krug, disse, em entrevista ao Poder360, não estar “otimista” para que a COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas) consiga chegar em um acordo sobre o mercado de carbono. O evento começa em uma semana, no próximo domingo (31.out.2021).

Thelma Krug tem 70 anos, é vice-presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), doutora em estatísticas e pesquisadora aposentada do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Assista à entrevista de Krug ao Poder360 (52min15s):

O mercado de carbono permite que um país possa vender reduções de emissões de CO₂ excedentes –além das necessárias para cumprir suas metas climáticas– para que outro país possa contabilizar essas reduções em suas ações para cumprir a meta dele. O debate sobre o tema trava as discussões desde a COP24. É necessário estabelecer as regras de funcionamento deste mercado, previsto no Artigo 6 do Acordo de Paris.

“Eu não estou tão otimista que se consiga fechar na COP26. Mas precisa fechar, de um jeito ou de outro. Porque se não fica sempre aquela coisa solta”, disse Krug. O governo Bolsonaro é defensor do mercado de carbono e esse será o principal tema de interesse do Brasil durante a conferência.

A vice-presidente do IPCC disse que mesmo que o Artigo 6 seja fechado na COP26, isso não significa que os detalhes sobre ele (procedimentos, funcionamento, modalidades, regras) ”vão estar perfeitamente fechados”. Ela avalia, no entanto, que os países estão interessados em chegar a um acordo sobre o tema desde o ano passado.

“Mas houve uma questão que não foi acordada que é a dupla contagem –uma preocupação dos países desenvolvidos”, afirmou. A dupla contagem, disse ela, é o receio do país contabilizar uma redução de emissões na sua meta e vender aquilo para outro país que também usaria aquilo na meta dele. “Ou seja, essas contabilidades têm que ser muito bem registradas. Há a necessidade de que se acorde minimamente [sobre] como você faz o registro”, declarou.

A entrevista com Krug foi realizada por videoconferência e gravada no estúdio do Poder360, em Brasília, em 20 de outubro de 2021.

Leia a entrevista:

Poder360: O que podemos esperar para a COP26?
Thelma Krug: O IPCC é um painel científico. E a convenção do clima é o fórum político. O IPCC contribui com a ciência para facilitar a tomada de decisão dos governos membros na conferência das partes.

Esse relatório que saiu agora em agosto traz resultados muito importantes. Na verdade, consolidaram alguns resultados dos nossos relatórios anteriores, mas eles trazem contribuições novas e a cada novo relatório, que a gente faz a cada 7 anos –é um ciclo, então, ano que vem a gente finaliza um ciclo de 7 anos– é óbvio que nesse espaço de 7 anos os modelos melhoram. Os modelos que fazem as projeções de futuro do clima. A gente trabalha com cenários e modelos que podem nos dar uma ideia do que o futuro pode ser e o futuro não está muito bom a menos que a gente faça reduções muito profundas e rápidas das emissões de gases de efeito estufa.

Este ano particularmente houve muitos eventos climáticos extremos. Nós tivemos onda de calor no Canadá, tivemos fortes chuvas na Alemanha muito grande –não se esperaria nunca ver cenas como a gente viu num país como a Alemanha– e em outros países com queimada.

E o IPCC agora consegue atribuir a alguns desses eventos climáticos a observação de que está aumentando em frequência, estão aumentando em intensidade e que alguns deles você já atribui à influência humana.

Então acho que esses 2 fatores –um relatório novo e eventos extremos– vão estar dentro da COP, eu espero, com atenção que merecem estar.

Muito se fala que a COP26 precisa ser ambiciosa, o que isso significa em termos práticos?
Não acho que você vai conseguir que a COP26 seja ambiciosa. Acho que em 2023 quando houver o Global Stocktake, que é quando você vai considerar tudo que a gente tem de emissões e ver como os países estão agregadamente contribuindo para uma trajetória de limitar o aquecimento a um grau que seja consistente com o Acordo de Paris até o final desse século –ou seja, bem abaixo dos 2 ºC.

Eu acho que na COP26 muito provavelmente você não vai conseguir [que seja ambiciosa], porque não está estabelecido que ela vai discutir essa temática. Ela está reservada para o ano que vem e aí sim.

O que os países fazem normalmente é colocar maiores reduções de emissões como uma forma de mostrar sua boa vontade, o seu esforço e muitas vezes buscando o apoio dos países desenvolvidos.

Só as metas atuais, formalizadas pelos países no Acordo de Paris, são suficientes para conter o impacto climático? Os países precisam fazer metas mais ambiciosas e mais claras?
Eles precisam fazer muito mais não, mas é muito mais. É claro que com o acordo de Paris a gente está perseguindo 1,5 °C. Nós fizemos um relatório sobre esse aquecimento global de 1,5 °C que saiu em 2018, mas para esse relatório que saiu em agosto já houve mudança. Tornou-se mais difícil chegar no 1,5 °C, a não ser que a gente faça profundas [cortes de] emissões rápidas e não dá para esperar. E a gente não vê isso acontecer.

O Acordo de Paris ele foi um pouco solto ao meu ver porque ele não deu metas de reduções –nem para os países desenvolvidos, como nós tínhamos no Protocolo de Kyoto. É um pouco solto. E só em 2023 que outros institutos farão uma avaliação de quanto andamos em termos do agregado de redução de emissões que os países estão fazendo. E com este agregado, aí sim, dá para usar os modelos do IPCC para ver se você está numa trajetória que te leve a um aquecimento de 2 °C , 1,5 °C , 3 °C, 4 °C. E a situação não está muito boa.

Eu acredito que vai haver aquelas promessas dos países desenvolvidos de contribuir com os países em desenvolvimento. E gente não fala só em termos de financiamento, não é só dinheiro. Você tem a questão de capacitação, você tem as de transferência de tecnologia, você tem inúmeros potenciais de ajudar. Eu espero que isto se renove dentro da discussão na COP26.

Qual foi o efeito prático das Conferências do Clima até agora? A cada evento, as previsões são mais catastróficas. Adianta estabelecer metas que os países deixam de cumprir?
No Protocolo de Quioto havia metas estabelecidas para os países desenvolvidos e quando essas metas não eram atendidas, eles tinham a possibilidade de usar mecanismos de flexibilização.

Então, de uma certa forma, apesar de que potencialmente eles poderiam não cumprir suas próprias reduções domésticas, havia mecanismos que poderiam ser utilizados para facilitar que aquela meta fosse atingida. Isso não existe hoje no Acordo de Paris.

Em um ponto até foi interessante porque eu acho que agilizou o processo dos países concordarem com o Acordo de Paris –o protocolo de Kyoto demorou muito e Paris foi rápido, e ratificou no ano seguinte o que foi ainda mais estarrecedor– mas justamente por causa dessa flexibilidade, que se deu aos países com regras soltas também. Eles não precisam fazer como no caso do Brasil. O Brasil está fazendo uma contribuição nacionalmente determinada [NDC] que pega todos os setores da economi. Mas os países podiam escolher: ‘Eu só quero fazer florestas’, e o outro, “eu só quero fazer energia”. De uma certa forma, isso não permite que as reduções sejam feitas de uma maneira mais profunda.

E é claro que a COP vai decidir sobre o mercado. É o único artigo significativo do Acordo de Paris que está faltando. Ou seja, quanto que os países vão poder utilizar de mercado para atingir as suas próprias NDCs, suas próprias contribuições nacionalmente determinadas.

O mercado é interessante, mas eu gosto de ser cautelosa com ele, porque eu acho que o mercado deveria ampliar as NDCs. Ou seja, as empresas poderiam ajudar, talvez, comprando créditos de carbono e não utilizando depois. Você tem várias maneiras de fazer esse acordo.

 

 

Eu não estou tão otimista que se consiga fechar [o Artigo 6, sobre mercado de carbono] na COP26.

Mas algumas pessoas estão moderadamente esperançosas. Então, vamos ver. Mas precisa fechar, de um jeito ou de outro. Porque se não fica sempre aquela coisa solta, sempre esperando o que vai acontecer. Seria bom pelo menos que alguma orientação fosse dada com relação aos mercados.

Como o mercado de carbono, que é defendido pelo Brasil, pode ajudar a minimizar os impactos climáticos?
Depende muito, porque quando você coloca a sua redução de emissões no mercado, a contabilidade desta redução tem que ser muito bem feita. E no caso de florestas, que é o caso do Brasil, é um pouco mais complicado, ao meu ver. Porque as florestas são muito vulneráveis, são vulneráveis a queimada, seca, inundações. Nós temos estudos mais recentes na Amazônia que mostraram que ela passou de ser uma fonte consumidora de carbono. A própria dinâmica da floresta já está sendo modificada.

O CO₂ é um gás muito pernicioso, ele fica na atmosfera muito tempo. Uma parte dele pode ficar por mais de 1.000 anos, então, isso implicaria que aquela parte da floresta que você está colocando para compensar aquela emissão teria que ficar compensando aquela emissão por mais de 1.000 anos. E isso não vai acontecer. E ninguém toma cuidado com isso.

Por isso que no Protocolo de Kyoto os créditos eram temporários, justamente levando em consideração essas dificuldades que você tem com floresta. Elas são vulneráveis, ou seja, você pode ter uma reversão daquele carbono. No fundo, não é uma questão muito simples. No Protocolo de Kyoto levou tempo para a gente acordar nessa creditação temporária.

Então, quando você me pergunta isso, eu te digo, não é tão simples, principalmente para florestas. Floresta sempre foi mais complicada que setor de energia, de resíduos, onde você sai de um lixão para um aterro sanitário evitando as emissões de CH₄. Você evita mesmo, dificilmente aquilo vai se converter para um lixão novamente. Agora, floresta você pode estar removendo CO² na atmosfera e amanhã ela pode ser impactada de algum jeito e não vai estar mais contribuindo.

São questões que tem que ser tratadas com a seriedade que merece.

E a contabilidade do carbono para florestas ela também não é fácil, porque você tem a biomassa acima de solo, abaixo do solo.

Justamente por essa dificuldade de se contabilizar, que será difícil resolver esse tema durante a COP26?
Ele até pode ser resolvido. Às vezes você acorda no texto, um texto mais geral. Depois que você acorda no texto mais geral, aí que você vai entrar nos detalhes, e é aí que mora as questões mais complexas. Daí que você vai decidir, floresta entra? Não entra? Mas já tem um mecanismo para ela (o REDD+), então por que a gente vai criar um outro? O REDD+ foi criado em 2005, levou 10 anos para você conseguir fazer todas as regras e procedimentos –para os países desenvolvidos não estarem pagando de qualquer forma. Mesmo que o Artigo 6 seja fechado em Glasgow, isso não significa que as minúcias (procedimentos, modalidades, regras) daquele mercado vão estar perfeitamente fechadas.

Os países estão interessados em fechar isso esse ano?
Já estavam interessados em fechar isso ano passado, mas houve uma questão que não foi acordada que é a dupla contagem –uma preocupação dos países desenvolvidos. A dupla contagem é o receio que eles tem de você contabilizar uma redução de emissões na sua NDC e vender aquilo para alguém que vai usar aquilo na sua NDC. Ou seja, essas contabilidades têm que ser muito bem registradas. No Protocolo de Kyoto você tinha um registro bem rigoroso, as transações eram todas muito rigorosas.

Então, há a necessidade de que se acorde minimamente como você faz o registro.

O que vai acontecer caso o aumento da temperatura global em relação aos níveis pré-Revolução Industrial chegue a 1,5 ºC ainda na próxima década, como cita o relatório do IPCC?
Não precisa chegar no 1,5 ºC, nós já estamos com problema no 1,1 ºC. O impacto muito grande é que essa temperatura média global não se distribuí uniformemente em todos os países. Se você pegar a parte mais norte do hemisfério norte, o Ártico, por exemplo, você tem um aumento de temperatura que pode chegar 2,5 vezes, 3 vezes a média global. E isso que está acarretando a perda de gelo no Ártico. Você não tinha uma perda de massa, nem retração de geleiras nos últimos 1.000, 2.000 anos. E isso está contribuindo para uma mais rápida elevação do nível do mar. O IPCC traz nesse relatório comparações que são muito preocupantes.

O IPCC deveria ter feito alertas e recomendações mais fortes no passado para evitar que hoje lidássemos com situações irreversíveis do ponto de vista climático?
O IPCC não é prescritivo. O IPCC ele não faz pesquisa, ele só faz uma avaliação da literatura que está disponível no mundo inteiro. Ele faz uma avaliação e para esse relatório de agosto foram 14.000 publicações científicas e 230 autores líderes, eles fazem uma avaliação e olham a evidência que você tem. As pessoas acham que a gente vem falando da preocupação, da urgência, faz tempo. Mas para mim esse último relatório é mais incisivo. Ele está trabalhando com dados e evidências maiores, pela própria natureza de você ter 7 anos entre um relatório e outro. Nesse período você constrói muito mais evidências.

A senhora falou que este relatório é mais incisivo. Os outros também deveriam ter sido?
Não, porque você não tinha muito provavelmente uma indicação na literatura que levasse você a poder ser mais incisivo. E o IPCC ele continua não sendo incisivo. Eu acho que as mensagens elas são quase encriptadas. O que eu acho interessante é que a cada novo relatório você aumenta a confiança dos seus resultados.

Muitas pessoas me perguntam isso: ‘Você não acha que o IPCC é muito em cima do muro?’. Não, porque a gente não faz esse tipo de avaliação. A gente diz o que está e se os governos acham que aquilo é mensagem para urgência eles tem que entender daquela forma.

O que os países precisam fazer na COP26 para minimizar os impactos climáticos que já vivemos?
A única maneira é essa rápida redução [das emissões de carbono] em todos os setores, não tem jeito. Por exemplo, para você chegar no 1,5 ºC, todos os modelos e trajetórias de emissões que o IPCC avaliou indicavam precisar zerar as emissões de CO₂ de forma líquida, significando que as emissões precisavam ser contrabalançadas com as reduções e isso dá 0. Ou seja, não termos mais emissões de CO₂ por volta de 2050.

Nós estamos falando de 30 anos, ou seja, está dobrando a esquina. O futuro para mim não tem mais jeito com a mudança do clima, o futuro é hoje.

Então, se você for para 2 °C, isso vai levar um pouco mais para frente [o prazo de zerar as emissões], para 2070 mais ou menos. Então você prolonga esse prazo de zerar o CO₂. Por outro lado, você está com um aquecimento de 2 °C que já tem um impacto fantástico. Os corais não tem jeito, chegou nos 2 °C é extinção. Chegou no 1,5 ºC, você vai estar ali no 85%, 90% [extinto].

Com base em evidências, eu digo, o cenário não é muito otimista.

A COP26 vai ser estranha, porque vai ser uma parte híbrida, muita gente não estará lá e de fato isso não é bom.

O bom da COP é que ela é muito dramática, até com a participação muito forte dos jovens cobrando os países, colocando o dedo. Eles fazem isso e ajudam muito. É o momento que a gente precisa de muita gente ajudando nesse processo para dizer aos governos: estamos de olho em vocês.

Agora, eu acredito na possibilidade que nas COPs de fazer acordos bilaterais, acordos que tragam dinheiro, o Brasil tentou isso na última vez, mas não conseguiu. Necessidade de você mostrar um plano completo de ação. Eu estou comentando na minha capacidade pessoal. Eu vejo a dificuldade grande de você pedir dinheiro quando você não tem um plano, que demonstra que você está on track, você está em uma trajetória de reduzir as suas emissões e, particularmente no nosso caso, na questão da redução das emissões pelo desmatamento e degradação florestal.

A senhora falou em zerar as emissões. Qual seria o prazo?
Acho que para 1,5 ºC, o ideal, que agora já está bem difícil, seria 2050. Mas para você zerar as emissões de CO₂ você precisa fazer uma transformação e não é uma transformação que a gente pensa: os governos que são responsáveis. Na verdade, essa transformação é de cada um de nós. É uma mudança de rumo, de trajetória e de visão de mundo. E não é fácil você fazer isso. Então, é o que a gente fala, essa governança não exclui ninguém, inclusive ela tem que ser uma governança inclusiva, que traga os governos e todos os seus níveis, o setor privado principalmente –que quer ajudar e não sabe como. Eles, setor privado, estão muito ávidos. As empresas já entenderam que se não tiverem pelo menos demonstrado estar indo para o zero líquido ou ser carbono neutro, como costuma falar, eu acredito que muito rapidamente perdem a competitividade. Por outro lado, eu acho que existem oportunidades. Isso eu já falei em 2015 para as empresas que estavam na COP.

Trazer a sociedade civil, os povos indígenas, as comunidades tradicionais. Você não pode excluir parte da população e tentar dar um futuro ou ameaçando um futuro para essas comunidades, que não tem a mesma chance de contribuir para reduzir as emissões ou adaptar a mudança do clima.

Como o setor privado pode ajudar?
Podem muito. Depende muito do setor privado que estamos falando. Mas geralmente as organizações e o setor privado começam muito por reduções na área de energia, ter uma maior eficiência energética, buscar descarbonizar. As pessoas falam muito dessa teoria do ESG, que o IPCC não traduziu, mas que junta o ambiental com o social e a governança. Você olha de uma maneira mais holística. No ambiental não só você está olhando para o meio ambiente e os impactos da produção que você tem, os dejetos que você produz, de quem você compra os insumos como esses são produzidos, mas você tem outras coisas, que seria você contribuir para o meio ambiente fazendo reduções das emissões na própria empresa. Para isso você tem que identificar onde estão suas contribuições maiores, quanto custa para modificar esse processo, que não necessariamente é simples.

O que podemos esperar dos próximos relatórios do IPCC que serão divulgados em fevereiro e março de 2022?
Esses 2 relatórios são importantes, porque o 2º que sai em fevereiro trata sobre esses impactos de adaptação e vulnerabilidade. E o diferencial dele é que ele tem capítulos específicos para cada região. Isso permite que você singularize mais os impactos, as vulnerabilidades regionalmente. E o relatório 3 é possivelmente o mais próximo que chega de ser descritivo. Ele é mais político. Porque pega os setores um por um e esmiúça no sentido de buscar soluções.

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Fonte poder360
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