Preços se mantêm em alta nos EUA e inflação marca 5,4% em 12 meses
– Atrasos e escassez –
As dificuldades mundiais de abastecimento, que provocam atrasos nas entregas e escassez há meses, explicam em boa medida estes aumentos de preços, particularmente de carros novos e móveis.
“As altas de preços devido a gargalos (…) em um contexto de forte demanda vão manter a inflação em um nível alto, pois os desequilíbrios entre oferta e demanda só serão resolvidos progressivamente”, destacou Kathy Bostjancic, economista da Oxford Economics, para quem a inflação ficará acima de 3% até meados de 2022.
Os presidentes das filiais do Fed se mostraram preocupados de que estas dificuldades “possam durar mais tempo e ter efeitos mais importantes ou mais persistentes sobre os preços e os salários” do que o previsto, segundo trechos das atas da última reunião de política monetária do organismo, em setembro, publicados nesta quarta-feira.
Estas perturbações freiam o crescimento mundial, alertou o FMI na terça.
Ao contrário, segundo o presidente do banco JPMorgan Chase, Jamie Dimon, “pode-se ter bom crescimento e inflação”.
Dimon critica “a atenção excessiva” na alta de preços e na cadeia de abastecimento quando, segundo ele, há “muito boas chances” de que tudo isso fique na lembrança dentro de um ano.
A Casa Branca anunciou, por exemplo, uma extensão do trabalho noturno e aos fins de semana no porto de Los Angeles para reduzir as filas de espera que atrasam a entrega de muitos produtos.
Nos portos de Los Angeles e Long Beach, por onde chegam 40% dos contêineres aos Estados Unidos, “cerca de 100 navios (estão) fundeados fora” do porto “à espera de descarregar mercadorias”, disse Yellen na terça.
A oferta de bens é, no entanto, “abundante”, acrescentou Yellen.
Mas uma alta funcionária do Fed, Mary Daly, presidente do Federal Reserve de San Francisco, não estava tão certa disso no domingo: “As pessoas compram agora e frequentemente lhes dizem que não terão” os produtos a tempo.