Senador se irrita com Marcos Rogério na CPI: “Pare de passar vergonha”
Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que governista tentou descredibilizar depoimento de advogada de médicos da Prevent Senior
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) discutiu, nesta terça-feira (28/9), com o governista Marcos Rogério (DEM-RO) na CPI da Covid-19, após o parlamentar alinhado ao governo federal questionar a validade do depoimento da advogada Bruna Morato, representante de ex-médicos da Prevent Senior.
Rogério discordou da presença da defensora, sob alegação de que quem deveria estar depondo seriam os médicos representados pela advogada. Vieira, então, interrompeu o colega dizendo que a representante legal dos profissionais de saúde depõe na condição de testemunha indireta.
“O seu vexame aqui ultrapassa qualquer limite. Pare de passar vergonha: é evidente a figura da testemunha indireta, senador”, disse o senador do Cidadania ao colega do DEM.
Veja a discussão:
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou haver uma tentativa de constrangimento à depoente. “Vossa excelência está tentando constrangê-la”, enfatizou.
Rogério rebateu: “Não é minha fala que vai constranger quem quer que seja. O único apelo que faço aqui é que convoquemos médicos para depor”, disse.
Vieira pediu questão de ordem ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para esclarecer a condição da convocação de Morato. “A testemunha indireta é amplamente reconhecida no direito, todo esse teatro para tentar desvalorizar o mensageiro é porque não conseguem atacar a mensagem.”
“Isso só comove convertidos. Só santo para ter paciência de ouvir esse despautério. Vossa excelência poderia tentar novamente o acesso à OAB, tornar-se advogado, demonstrar lá o conhecimento necessário”, prosseguiu o parlamentar.
Nesse momento, Marcos Rogério o interrompeu dizendo que Vieira “deveria respeitar seus colegas”. “Se acha que está nesta CPI na condição de delegado, está errad0. Está usando a CPI de palanque eleitoral”, disparou.
O senador do Cidadania, que é pré-candidato à Presidência em 2022 e delegado, irritou-se com a fala do governista. “E o senhor está fazendo o que aqui?”, indagou.
Dossiê
Os profissionais de saúde representados por Bruna Morato elaboraram um dossiê entregue à comissão com denúncias de uso indiscriminado, nos hospitais da empresa, de medicamentos – como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina – sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19.
A empresa, conforme revelou o Metrópoles, adotou o protocolo de administrar esses fármacos e passou dados para acompanhamento do governo federal. O padrão de uso foi desenvolvido com a ajuda de ao menos um membro do “gabinete paralelo”, que aconselhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia.
Além disso, a operadora de saúde é acusada de ter coagido médicos para que aplicassem as drogas em pacientes sem o conhecimento deles ou dos familiares, e até do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A empresa também é suspeita de ter ocultado, em estudo sobre a cloroquina, o número de mortes de pessoas em tratamento contra a Covid-19.