“A música digital chegou para ficar”, revela Marina Lima em entrevista
Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, a cantora falou sobre adaptação ao digital, catálogo e produção de trilha
Com mais de 40 anos de carreira, Marina Lima viveu muitas eras e transições do mercado. Passou pelo vinil, fita cassete, CD, e agora, na era do streaming, lançou um novo EP. Nesse momento de pandemia surgiu um novo desafio para artistas consagrados como ela, que foi essa relação com o online impulsionada pelas plataformas e lives. Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, a cantora se mostrou muitíssimo bem adaptada.
“Uma vez conversando com Frejat, ele me falou: ‘Meu filho tem mania de vinil, eu não tenho a menor saudade, já passei por tudo isso’. Eu já passei também. A coisa legal do vinil é que eles eram grandes e você podia fazer uma super direção de arte, mas eu não tenho essa questão. Acho que o importante é você fazer a música chegar nas pessoas. As coisas que mudaram não tem volta, a música digital chegou para ficar”, conta.
E completa: “A coisa chata da pandemia foi ter nos limitado a poder fazer shows presenciais, que é o meu trabalho, que é o que eu gosto de fazer fora gravar. Mas eu acho que essa solução [as lives] que a gente encontrou para não morrer de tristeza e saudade foi muito legal”.
A artista foi uma das atrações da edição online do “Amazon Music Festival: Palco Coala”, evento que aconteceu no dia 11 de setembro, uma parceria entre a Amazon Music, com curadoria assinada pelo Coala Festival, que desde 2014 reúne artistas consagrados e da nova geração da música brasileira, e pela plataforma de distribuição digital Altafonte – que é a distribuidora da Marina.
O line up do evento trouxe representantes da música brasileira de diferentes gerações. Além da Marina Lima, estiveram no palco Liniker, Luedji Luna, Marina Sena e Kyan. Questionada sobre essa relação com a nova geração da música, Marina se mostrou feliz em seguir com uma renovação de público latente na sua carreira.
“Eu gosto disso [estar perto dos jovens], até porque os pais dessas pessoas mais novas me ouviam muito e passavam para os filhos. Então, nos shows, a gente tem uma mistura muito grande, eu tenho um público jovem e gosto de estar perto”, revela.
Música de Catálogo
A cantora possui um catálogo gigantesco de grande sucessos e que seguem vivos na memória e ouvidos dos fãs. Só no Spotify, Marina Lima possui mais de meio milhão de ouvintes mensais, sem contar nos números de reprodução de canções como “Fullgás”, que já ultrapassa a marca de 10 milhões de plays.
Questionada como ela assume a gestão deste catálogo junto a Altafonte, que co-administra suas obras, Marina revelou que já foi sondada para venda por fundos de investimento. “Os fundos descobriram que uma canção não desvaloriza. Por um lado é legal, sinto minha obra valorizada. Mas, o que me deixa mais feliz é que o público manteve minha obra viva. Eu tenho muitos sucessos que não pararam de tocar na rádio, nas playlists… e assim a obra se mantém atual, presente e tocando”, destaca.
Dona da sua própria editora e Selo, por onde lança seus discos de forma independente, Marina ressalta a importância da parceria com a Altafonte. “Não adianta, por exemplo, eu ter um monte de música conhecida, se uma editora não trabalhar ela fica lá parada, sendo que podia estar em filmes, séries, novelas, comerciais… esse movimento de buscar colocar a música nos lugares eles fazem super bem”.
Vale destacar que a cantora lançou um SongBook gratuito com 21 álbuns de forma gratuita em seu site. Ao fazer o download, os fãs têm acesso a todas as partituras e letras das 175 canções já gravadas por Marina Lima. Organizado pela ordem cronológica dos 21 discos lançados entre 1979 e 2018 (incluindo 4 bônus do EP Motim), este é o primeiro e único material a reunir sua obra completa.
Foco nas trilhas sonoras
Durante a entrevista, a cantora revelou o desejo de entrar no mercado de trilhas sonoras. “Não vou parar de compor, mas tenho vontade de experimentar fazer trilha de filme, de marcas, cinema..”, revelou. E destacou sua nova paixão: música eletrônica. “Eu amo, estou ouvindo e estudando muitas músicas para começar, O próximo passo é produzir. Não tem nada certo, mas primeiro precisa ter o desejo!”, brinca e finaliza.