Brasil vai começar a aplicar terceira dose já em setembro

Queiroga anuncia que idosos e imunossuprimidos serão os primeiros a receber vacina de reforço contra a covid-19. OMS é contra e defende que se espere avanço da imunização em países mais pobres.

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O Brasil vai começar a aplicar a terceira dose da vacina contra a covid-19 em 15 de setembro. No início da fila estarão idosos e imunossuprimidos, segundo anunciou nesta quarta-feira (25/08) o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Estudos sugerem que a proteção das vacinas pode cair com o tempo, sobretudo diante de variantes mais contagiosas, como a delta, e a dose de reforço é uma medida atualmente discutida em nível mundial. Pelo menos 14 países, como Estados Unidos e Alemanha, já decidiram aplicar uma terceira dose dos imunizantes.

Em Israel, por exemplo, a terceira dose já é dada a maiores de 50 anos desde julho. No Chile, começou em agosto a aplicação de uma dose extra da AstraZeneca nos idosos que receberam duas doses da Coronavac.

Para a dose de reforço no Brasil, será usada preferencialmente a vacina da Pfizer-Biontech, ou, de maneira alternativa, os imunizantes de vetor viral da Janssen ou da AstraZeneca, anunciou o governo federal.

A imunização de reforço será inicialmente para pessoas acima de 70 anos, começando pelos maiores de 80 anos – eles devem ter tomado a segunda dose há mais de seis meses. No caso dos imunossuprimidos, a terceira dose pode ser aplicada 28 dias após a segunda.

Segundo o ministro, o dia 15 de setembro foi escolhido porque o governo espera que, até lá, toda a população com mais de 18 anos no Brasil já tenha recebido ao menos uma dose das vacinas.

Horas após o anúncio do governo federal, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que, no estado, a aplicação da terceira dose começará antes, em 6 de setembro, e incluirá idosos acima de 60 anos. Os imunossuprimidos ainda não foram incluídos no calendário de reforço paulista.

A decisão dos países de seguir adiante com a terceira dose ignora um  apelo  da Organização Mundial da Saúde (OMS), que defende que eles deveriam antes aguardar que a vacinação avance mais no resto do mundo.

Espaço entre as doses será reduzido

Queiroga também anunciou que a partir do mesmo dia 15 de setembro começará a redução do intervalo entre as doses das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca: ele cairá de 12 para oito semanas, ficando igual ao realizado no Reino Unido atualmente.

Estudos mostram que a primeira dose, no caso da delta, tem eficácia reduzida e não consegue evitar boa parte das infecções. Com a segunda, a proteção aumenta, sobretudo contra casos severos da doença. Portanto, antecipar a segunda dose permitirá ao Brasil, como afirmou o ministro, manter a curva de casos em queda.

Queiroga disse que a decisão foi tomada diante da possibilidade de disseminação da variante delta do coronavírus no Brasil.

Variante delta

Segundo um relatório interno do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a variante delta é muito mais contagiosa, tem maior probabilidade de atravessar as proteções oferecidas pelas vacinas contra a covid-19 e é capaz de deixar os infectados mais gravemente doentes do que as outras versões conhecidas do vírus Sars-Cov-2.

Uma pesquisa realizada no Reino Unido com base nos resultados de exames PCR de mais de 1 milhão de pessoas que haviam recebido as duas doses das vacinas da Pfizer-Biontech ou da AstraZeneca mostrou queda no nível de proteção com o tempo.

A proteção da vacina da Pfizer-Biontech contra uma infecção caiu de 88% (um mês após a imunização completa) para 74% após cinco ou seis meses. A proteção da AstraZeneca foi de 77% para 67% após quatro ou cinco meses, segundo o estudo.

Outro estudo britânico, realizado pela Universidade de Oxford a partir dos resultados de exames PCR de quase 400 mil adultos, já havia identificado queda da eficácia de ambas as vacinas contra a variante delta após três meses da imunização completa.

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Fonte dw
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