Imagens históricas mostram a luta de séculos pelo controle do Afeganistão
A tomada do Afeganistão pelo Talibã foi de uma rapidez chocante. Em 14 de abril deste ano, o presidente americano Joe Biden anunciou que os EUA começariam a retirar suas tropas em maio, com todo o contingente evacuado até 11 de setembro. Em 15 de agosto, combatentes talibãs posaram para fotos em uma mesa do palácio presidencial na capital Kabul. O presidente afegão Ashraf Ghani fugiu do país, o governo caiu e o Talibã tomou o poder.
Uma olhada na história do Afeganistão mostra que os acontecimentos não são tão surpreendentes assim. A modernização há tempos colide com o conservadorismo islâmico e tentativas de ocupar e subjugar o Afeganistão raramente dão certo – tropas britânicas e russas podem atestar. Os resultados costumam ser trágicos, especialmente para quem está no meio dos conflitos.
Em 1839, os britânicos invadiram o Afeganistão e recolocaram o Xá Shufa no trono, como Emir do Afeganistão. Ele foi assassinado em 1842. A Grã-Bretanha tentou anexar o Afeganistão por três vezes, tentando bloquear a expansão da Rússia e proteger seus interesses coloniais na Índia.
Na Batalha de Maiwand, em 1880, durante a Segunda Guerra Anglo-Afegã, forças afegãs destruíram tropas britânicas e índias.
Soldados Sikh vigiam prisioneiros afegãos próximo da passagem Khyber. Os britânicos invadiram o Afeganistão em 1878 depois que o Emir Sher Ali Khan ofereceu uma audiência a um representante russo mas bloqueou uma missão diplomática britânica de entrar no país.
Amanullah Khan, o rei do Afeganistão, divide um barco a remo com Mustafa Kemal Ataturk, presidente da Turquia, em 1928. Amanullah conquistou a independência do Afeganistão ante a Grã-Bretanha e introduziu reformas modernizantes. Por elas, teve que se refugiar no exílio.
A União Soviética também tentou exercer influência sobre o Afeganistão. Em 1955, o líder soviético Nikita Krushchev (no centro) passou as tropas afegãos em revista junto do primeiro-ministro afegão Sardar Mohammed Daud Khan (à esquerda, de boné).
Mohammed Zahir Xá, o último rei do Afeganistão, foi deposto em um golpe que não derramou sangue em 1973 e fugiu para o exílio. Depois que os EUA expulsaram o Talibã, ele voltou ao país, onde morreu em 2007.
Soldados afegãos e soviéticos se cumprimentam em 1980. Um golpe comunista em 1978 levou à eventual invasão do Afeganistão pela União Soviética em 1979.
O líder soviético Leonid Brezhnev (à direita) celebra seu aniversário no Kremlin, em 1981, com Babrak Kamal, o presidente afegão colocado pela União Soviética.
Em 1983, o presidente americano Ronald Reagan se reuniu com combatentes afegãos para discutir a atuação dos soviéticos no Afeganistão. Os EUA começaram a fornecer armas a grupos anti-soviéticos em 1980.
Presidente afegão Mohammed Najibullah (no centro) cumprimenta soldados soviéticos em 1986. Ele deixou o cargo em 1992, quando forças mujahidin conquistaram Kabul. Quando o Talibã tomou o poder em 1996, ele foi torturado e morto.
Um combatente do Exército Vermelho treina soldados afegãos em combate próximo no aeroporto de Kabul, em 1988. Os soviéticos deixaram o Afeganistão no ano seguinte.
Soldados mujahidin dançam na cama do presidente Najibullah depois de o terem derrubado do poder e estabelecido um governo islâmico em 1992.
Soldados talibãs dirigem um tanque soviético na cidade afegã de Mazar-e-Sharif, em 1997.
Dois combatentes afegãos buscam cobertura durante o conflito de 2001. Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão depois dos ataques de 11 de setembro.
Combatentes afegãos examinam os restos de um campo de treinamento da al Qaeda destruído por bombardeio americano em dezembro de 2001.
Em 2004, soldados mujahidin desfilam em Kabul para celebrar o aniversário de 20 anos da vitória contra os soviéticos. Eles carregam retratos do líder assassinado Ahmad Massoud e de Hamid Karzai, o primeiro presidente eleito do país.
Uma criança sinaliza a uma coluna de veículos militares alemães. Forças da Otan se juntaram aos EUA no Afeganistão.
Secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld (à esquerda) se encontra com o presidente afegão Hamid Karsai no palácio presidencial para discutir as próximas eleições do país, que aconteceram em 2004.
Muitas meninas no Afeganistão não recebem nenhuma educação. Mesmo as que se inscrevem em escolas normalmente estudam por apenas quatro anos. Estas formandas da Universidade de Kabul são uma minoria. Vestindo hijab embaixo dos capelos e sentadas em fileiras separadas dos homens, as mulheres desta foto são do departamento de linguagem e literatura. O Talibã tinha banido a educação de mulheres, mas as aulas retornaram depois que o regime caiu em 2001. Esta graduação aconteceu sob forte segurança em um hotel de Kabul – havia um aumento dos ataques terroristas na época.
Depois do Talibã ser derrubado em 2001, mulheres puderam exercer cargos mais importantes no governo, apesar que ainda sob riscos. Em 2019, Marjan Mateen, vice-ministra de educação, caminhava em direção a uma reunião acompanhada de guardas armados.
Em 2020, jovens homens e mulheres podiam trinar para se tornarem modelos da primeira agência do tipo no Afeganistão.
No meio de muito violência em 2019, afegãos participam de um comício para Abdullah Abdullah, chefe executivo do Afeganistão, em Bamyan, onde o Talibã destruiu estátuas monumentais de Buda em 2001.
O general Austin Miller, mais alto comandante americano no Afeganistão, cumprimenta o general Bismillah Khan Mohammadi, o ministro da defesa do Afeganistão, em uma cerimônia em 12 de julho de 2021, em Kabul. O evento marcou o fim da presença dos EUA no país.
Pessoas desesperadas para evacuar depois da tomada de poder pelo Afeganistão tentam escalar os muros do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Kabul, em 16 de agosto de 2021.