50 e tantas: “Sou Claudia Raia. Tenho 52 anos. Qual é a sua idade?”
Em sua coluna de estreia na Vogue, a atriz faz um manifesto para provar que idade é só um fator limitante para mulheres
“Gente, eu sou colunista da Vogue! Eu amo me comunicar. Então, você imagina o que senti quando recebi esse convite? E para falar sobre um assunto que eu amo: a mulher de mais de 50. Porque temos que falar de nós. E temos tanto o que conversar sobre isso que uma coluna quinzenal foi pouco (risos). Acabei de lançar meu programa ’50 e tantas’, no meu IGTV, e tanto lá como aqui quero bater um papo com você sobre as mulheres de 50.
Porque, amor, a gente está com tudo. E eu quero mostrar exatamente isso para vocês. Não fuja da Raia. Vem comigo!”
Beijinhos!
Como mulher, sempre percebi a necessidade de nos colocar em caixinhas, como se só fosse possível sermos uma coisa. Se você faz drama, não pode fazer comédia. Se é boa comediante, não vai conseguir fazer drama. Se é apontada como símbolo sexual, não vai conseguir fugir desse rótulo… E por aí vai.
Na minha vida e na minha carreira, fui quebrando cada um deles. Um a um. E continuo assim. Porque, amor, se você me diz que eu não posso, aí é que vou atrás e mostro que posso sim, que posso o que eu quiser. E se tem uma certeza que eu tenho é esta: há muita coisa que ainda quero fazer! Mas tem quem pense que eu já cheguei na linha de chegada. Não é raro ouvir: “Você está com 52 anos, já conquistou tudo que queria. Agora é só descansar”.
Imagina, amor. Eu estou no meu auge, cheia de planos, com vários projetos. Se tem uma coisa que eu não penso no momento é em parar. Eu tenho sonhos a conquistar. Muitos!
É engraçado como a idade acaba sendo algo que nos limita diante dos olhos dos outros. Porque muita gente vê assim: se você tem mais de 50 anos, sua vida já está ganha. É só sentar e esperar. O que quer que isso signifique, né!? Esperar o que, gente?! Eu não sou mulher de ficar sentada esperando nada.
Eu vou atrás: dos meus sonhos, dos meus projetos, das minhas realizações. Agora, estou trabalhando em um novo projeto, a comédia musical “Conserto para Dois”. No espetáculo, somos eu e Jarbas, meu marido, no palco, vivendo inúmeros personagens. Um desafio e tanto. Além de estrelar, produzo o projeto. Olha eu indo atrás do que desejo. Este é só mais um exemplo.
Pensando em como comecei esse texto, idade é só mais um fator limitante para as mulheres, uma caixinha na qual querem nos colocar. E, vejam só, já quebrei com esse limite também. Tenho 52 anos, sou dona do meu destino. Casei em dezembro com meu grande amor. Sim, casei depois dos 50. E sou muito feliz com isso. Queríamos dividir nosso amor com a família, dizer sim diante deles. E fizemos. Foi lindo e emocionante.
Tenho 52 anos e continuo com minha rotina de musculação, balé… Tudo que me alimenta como artista e me faz bem. Tenho 52 anos, dois filhos que amo profundamente e uma conexão tão linda com eles. Tenho 52 anos e continuo produzindo meus espetáculos, tendo reunião com patrocinador, negociando, colocando a coisa de pé. Tenho 52 anos e me preparo para mais uma turnê – porque a ideia de “Conserto para Dois” é viajar o Brasil, quero levar arte e cultura pelo país. Tenho 52 anos e amo viajar, conhecer coisas novas. Tenho 52 anos e sou inquieta, curiosa. Tenho 52 anos e, definitivamente, minha idade não me define de maneira nenhuma.
Sou quantas eu quiser. Mãe. Esposa. Filha. Irmã. Amiga. Tia. Atriz. Bailarina. Produtora. Feliz. Sou mulher. E isso me dá a possibilidade de ser tudo. Tenho 52 anos. E isso só me dá a certeza de duas coisas: vivi a melhor vida que poderia até aqui e ainda tenho muita coisa a realizar. Amor, estou começando o segundo ato da minha vida. E pode ter certeza de que ele será grandioso. Idade não me define. Como assim vou deixar um número me definir?! Jamais.
Já passou da hora de vermos as mulheres como mais de 50 como elas são: inteiras, donas de si, poderosas, completas. Não falta nada. Tudo está no lugar. E temos a liberdade e a maturidade para seguir os caminhos que quisermos. Passou da hora de olhar para elas, para nós, como a potência que somos. Vamos celebrar essas mulheres!