Instituto Vencer o Câncer manda carta a Bolsonaro contra veto a remédios
O Instituto Vencer o Câncer divulgou carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro nesta 4ª feira (28.jul.2021) em defesa de projeto de lei vetado pelo chefe do Executivo. A proposta foi idealizada pela Instituto e facilitaria o acesso a remédios orais de tratamento do câncer. Eis a íntegra da carta (35 KB).
O projeto obrigava os planos de saúde a fornecer remédios de uso oral para tratamento de quimioterapia.
“Os remédios contra o câncer representam um porcentual menor do que o custo de fraudes e o impacto econômico seria ínfimo para as empresas, sem nenhuma repercussão para as contas do governo. Estimamos o benefício para 50 mil pacientes num universo de quase 48 milhões de usuários com 555 mil novos beneficiários somente no ano passado“, informa o Ivoc na carta.
A instituição afirma que o veto trouxe “perplexidade” porque foi embasado em “argumentos econômicos” que não consideram os custos de um paciente que for privado desse tipo de tratamento.
“Senhor Presidente, o senhor foi informado que a quimioterapia oral é uma alternativa fundamental para câncer de mama, cólon e pulmão, além de ser a única para outros tipos de câncer? Os custos de dar um medicamento de efetividade inferior são muitos mais elevados, porque aumentam a chance de retorno da doença, de casos mais graves e de morte”, relatou o Instituto.
Na carta, o Ivoc também “se coloca à disposição para um diálogo transparente” com o presidente. “Discordamos respeitosamente de sua decisão e nos colocamos empaticamente no lugar de milhares de pacientes com câncer que ficarão à mercê dos interesses econômicos dos seus planos de saúde.”
Mais cedo, em conversa com apoiadores, Bolsonaro afirmou que o projeto “ia onerar drasticamente os planos privados de saúde“. “Se eu sanciono isso, onera lá na ponta da linha. E quando aumenta os planos privados o pessoal vem para cima de mim de qualquer maneira“, declarou Bolsonaro.
O oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer, afirma que com a pandemia da covid-19 a sanção do projeto “é mais vital ainda do que sempre foi“. Além dele, fazem parte da entidade os oncologistas Antonio Buzaid e Drauzio Varella
Pelo projeto, não haveria mais a exigência da inclusão dos medicamentos nos protocolos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), e o plano de saúde seria obrigado a fornecer o tratamento com base no aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Maluf afirma que a análise da ANS dura em média de 2 a 3 anos. “É um tempo grande em que se deixa de dar remédio para as pessoas. Mas, além disso, é uma análise que reprova um número muito importante de remédios“, afirmou.
“São remédios já aprovados pela Anvisa, pela União. Muitas das pessoas estão processando a União. Não querem processar o convênio, querem processar a União. O governo acaba pagando milhões em processos e judicialização”, afirmou Maluf.