Zezé Motta faz especial celebrando o Dia da Mulher Negra
“É difícil fazer arte no Brasil, mas para a mulher negra é mais difícil ainda. Venho tentando virar esse jogo há mais de 50 anos”, diz atriz e cantora; apresentação tem participação de Malía, IZA e Camilla de Lucas
Zezé Motta é a estrela do espetáculo musical Zezé Motta – Mulher Negra, que será transmitido neste domingo e trará depoimentos de mulheres pretas como a cantora Iza, a filósofa Djamila Ribeiro, a escritora Conceição Evaristo, a influenciadora e ex-BBB Camilla de Lucas, e muitas outras. O espetáculo celebra o Dia da Mulher Negra, comemorado neste 25 de julho e instituído para homenagear a líder quilombola Tereza de Benguela.
“É difícil fazer arte no Brasil, de um modo geral, mas para a mulher negra é mais difícil ainda. A minha questão sempre foi com a justiça. Vejo este especial como uma grande homenagem, elas são importantes porque significam o reconhecimento de uma batalha para construir uma carreira”, diz Zezé sobre o espetáculo, que será transmitido no canal L!Ke (530 da Claro – 500 da Claro NET), e pelo canal oficial do Teatro Bradesco no Youtube.
Zezé cantará músicas consagradas como Magrelinha, de Luiz Melodia, e Tigresa, de Caetano Veloso. Ela vai estar acompanhada da maestrina Claudia Elizeu, e o espetáculo terá a participação de Malía. A apresentação do evento ficará a cargo da atriz e ativista Luana Xavier e Rafaela Pinah, mulher trans negra e pesquisadora de tendências. O roteiro e direção são de Yasmin Thayná.
“Todas as chefes de equipe, direção, roteiro, direção de fotografia, direção de arte e montagem são comandadas por mulheres negras. É muito importante que num dia como esse, o 25 de julho, a gente possa se celebrar de diversas formas. Inclusive criando juntas na frente e por trás das câmeras”, diz Yasmin.
Vice-presidente do Retiro dos Artistas, Zezé Motta engajará seu público para fazer doações à instituição através de um QR code que será disponibilizado na tela. As doações, que acontecerão simultaneamente à exibição, continuarão ao longo dos dias, a apresentação ficará disponível no YouTube do Teatro Bradesco.
“Iniciar uma carreira em qualquer segmento é difícil e mantê-la é mais complicado, ainda mais com os conflitos que temos, sejam eles de gênero ou de cor. Quando as coisas começaram a dar certo pra mim, eu sempre me questionava, só que não possuía um discurso articulado, foi então que conheci Lélia Gonzalez, a partir daí ela virou minha guru, logo no primeiro dia que a conheci ela me disse: ‘Nós não temos tempo para lamúrias. Temos que arregaçar as mangas e virar esse jogo’”, lembra Zezé.
“E essa frase ficou definitiva na minha vida. Hoje não sofro com a discriminação racial, mas aproveito o espaço da mídia para denunciar, combater. E vejo isso como uma missão. Venho tentando virar esse jogo há mais de 50 anos”, diz.