Presidente de Angola ensina a Mourão que por lá não tem disso não
General João Lourenço recusa-se a atuar em favor da Igreja Universal do bispo Edir Macedo
Em viagem a Angola onde representou o Brasil na Cúpula das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa, o vice-presidente Hamilton Mourão teria se dado melhor se antes tivesse procurado saber quem era o general João Lourenço, presidente daquele país.
Nos anos 1990, quando a Odebrecht era dona de uma espécie de cidade particular em um dos bairros de Luanda, ali moravam como convidados pelo menos meia dúzia de altos dignitários do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Lourenço, à época, era Secretário-Geral do MPLA e membro do seu birô político ao lado do então presidente José Eduardo dos Santos, que governou o país por 38 anos. Mantinha distância da empreiteira e preferia levar uma vida austera e acima de suspeitas.
Ao suceder Dos Santos, a primeira coisa que Lourenço fez foi afastar os filhos do ex-presidente do comando de empresas estatais. O combate à corrupção tornou-se a marca do seu governo. Outra, o respeito à independência dos demais poderes.
Se soubesse disso, Mourão não teria pedido a Lourenço, em nome do presidente Jair Bolsonaro, que atuasse em favor dos pastores brasileiros da Igreja Universal do bispo Edir Macedo, expulsos de lá sob a acusação de desvio de dinheiro para o Brasil.
Mourão também pediu para que Lourenço recebesse em audiência um grupo de deputados evangélicos ligados a Macedo. O presidente angolano disse-lhe não duas vezes. A questão da Universal está na justiça e não lhe cabe interferir.
Como presidente, não lhe cabe receber comitiva de deputados. Isso é tarefa do Congresso angolano. E desde que o Congresso os convide. Taokey?