Saiba mais detalhes sobre a cirurgia que João Doria vai fazer
Governador de São Paulo passará, no começo de agosto, por procedimento para remoção de uma hérnia na virilha
A cirurgia de correção de hérnia inguinal a qual o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), será submetido no dia 6 de agosto é o tipo de operação mais realizada no mundo, afirma o professor Sergio Roll, coordenador do Núcleo de Hérnias do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doria afirmou no domingo (11) que a hérnia está localizada na virilha e que tem causado bastante desconforto e dor. Roll explica que a dor é, de fato, o principal sintoma dessa condição.
Segundo ele, 5% da população mundial têm hérnia inguinal ao longo da vida. Deste total, 75% são homens. Nos Estados Unidos, São feitas cerca de 700 mil cirurgias desse tipo todos os anos.
O Manual Merck de Diagnóstico e Tratamento descreve a hérnia inguinal como uma “protrusão de parte do intestino ou outro órgão abdominal através de uma abertura na parede abdominal na virilha”.
Sergio Roll acrescenta que elas ocorrem em indivíduos que têm deficiência de um tipo específico de colágeno, que não é possível ser suplementado. É o mesmo tipo de colágeno que dá sustentação à coluna, articulações e aos tecidos da parede abdominal, exemplifica.
“A gente quando está sendo gerado, o testículo desce no nascimento para a bolsa escrotal. Por onde ele passa, que é esse canal inguinal, esse canal fecha. Quem tem essa predisposição de deficiência do colágeno, esse canal fica entreaberto. E aí, com o tempo, acaba aparecendo a hérnia.”
“A princípio sai a gordura, mas conforme vai aumentando esse buraco, aí pode sair o intestino. É o que popularmente chamam de saco rendido.”
Hérnias podem surgir em qualquer idade, mas são mais comuns entre 45 e 60 anos. Alguns fatores podem acelerar o aparecimento delas, como tosse crônica, obstipação (prisão de ventre) ou problema prostático, observa o médico.
A cirurgia é a única forma de reparo de hérnias sintomáticas. Sergio Roll diz que há três tipos de intervenções. A única diferença entre elas é a qualidade de vida do paciente no pós-operatório em até um mês.
A cirurgia com corte, chamada de hernioplastia aberta, consiste em uma incisão de aproximadamente 6 cm na região inguinal. O paciente recebe anestesia local ou peridural (da cintura para baixo) e também uma sedação.
As formas menos invasivas são cirurgias laparoscópica ou robótica, que utilizam a mesma técnica. São feitos três cortes de aproximadamente 1 cm na região do umbigo, onde são inseridas uma câmera e pinças. Estas duas operações são feitas com anestesia geral.
Em ambas as cirurgias, o objetivo é o mesmo: devolver o conteúdo que extravasou o abdômen e colocar uma tela de polipropileno no buraco, explica o médico.
“Na realidade, a gente não fecha o buraco. Se a gente juntar um tecido no outro, é um tecido fraco com um tecido fraco. A gente substitui o tecido por uma tela. Quando não usa a tela, a chance de a hérnia voltar é em torno de 15%. Com a tela, a chance de voltar é de 0,9% a 1,2%.”
Independentemente do tipo de procedimento, Sergio Roll diz que normalmente os pacientes internam pela manhã e recebem alta à noite.
Ele diz que se trata de “uma cirurgia de baixo risco”, mas que pode ter um pós-operatório com um pouco mais de dor e acúmulo de sangue na região inguinal quando a hérnia for maior.
Após a cirurgia, os pacientes devem permanecer em repouso por cerca de quatro a cinco dias, mas atividades físicas, por exemplo, devem ser retomadas somente após duas semanas. Também é contraindicado levantar peso pelo período de um mês.