Conferência arrecada mais de US$ 1,5 bilhão para atender êxodo venezuelano
A Venezuela está em recessão há oito anos e sua crise política se agravou em janeiro de 2019, quando o líder da oposição Juan Guaidó, então presidente do Parlamento, declarou-se presidente interino.
Os principais doadores para a conferência foram os Estados Unidos, com 400 milhões de dólares, seguidos pela União Europeia (US$ 180 milhões), Alemanha (US$ 97 milhões), Canadá (US$ 94 milhões) e Espanha (US$ 60 milhões). O evento também reuniu novos doadores, como Austrália, Chipre, Letônia, Lituânia, Polônia e Nova Zelândia.
Os fundos, disse Gould à AFP, serão usados para assistência humanitária, ajuda alimentar de emergência, cuidados básicos de saúde e educação nesses países, assim como na Venezuela.
“Uma parte será (desembolsada) na própria Venezuela porque reconhecemos que uma das melhores maneiras de ajudar a resolver esta crise é garantir que os venezuelanos tenham acesso às necessidades básicas”, explicou Gould, em entrevista na qual destacou uma recente “maior abertura” por parte do governo Maduro para permitir a entrada de agências de ajuda internacionais e ONGs.
– ‘Discriminação e xenofobia’ –
Entre 1.800 e 2.000 venezuelanos continuam fugindo de seu país todos os dias, segundo o Acnur. “Prevemos que esses fluxos continuem crescendo no restante do ano”, disse Vitorino.
A chancelaria, por sua vez, condenou “o cinismo dessa convocação caricatural” e exigiu “que os governos e organizações que participam de tão óbvia farsa cessem seus atos de agressão política, econômica e comunicacional”. “Exibem uma leitura cínica da situação dos migrantes de origem venezuelana, omitindo escandalosamente tanto as causas relacionadas à imposição de um bloqueio criminoso por meio de sanções ilegais”, que incluem um embargo de petróleo desde 2019, “até às situações de discriminação e exploração a que estão sujeitos”.
Enquanto isso, Guaidó, reconhecido presidente por vários dos países participantes, agradeceu pelas contribuições. “Devemos nos unir e somar forças para uma solução na Venezuela”, disse.
Durante o evento, no qual não foi feito nenhum anúncio sobre os compromissos assumidos pelos países doadores, também interveio o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que garantiu que “os venezuelanos enfrentam uma crescente discriminação e xenofobia” e que a “covid-19 tem agravado esta situação”.
A América Latina, onde permanece a maioria dos migrantes venezuelanos, foi duramente atingida pela pandemia de coronavírus, que já causou mais de 1,2 milhão de mortes e infectou 35 milhões de pessoas na região, onde a vacinação avança em ritmo mais lento.