Marcha em Jerusalém aumenta tensão entre israelenses e palestinos
Evento de extrema-direita foi no portão de Damasco, principal entrada para bairro mulçumano
Um evento promovido por ultranacionalistas israelenses, que reuniu milhares em uma marcha ao redor da Cidade Antiga, em Jerusalém, nesta 3ª feira (15.jun.2021), reacendeu as tensões com os palestinos e se tornou o primeiro desafio do novo primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. As informações são da Reuters.
O grupo se posicionou em frente ao portão de Damasco, uma das principais entrada para o bairro muçulmano da Cidade Antiga. Declarações nacionalistas como “o povo de Israel vive” ecoaram entre os manifestantes, que carregavam bandeiras do país.
“Dê uma boa olhada em nossa bandeira. Viva e sofra”, gritou um manifestante para os mercadores palestinos do outro lado da barreira policial erguida em uma rua da cidade.
Ministro das Relações Exteriores e principal parceiro na coalizão governamental, Yair Lapid condenou gritos de “morte aos árabes” de alguns dos manifestantes.
“Isso não é judaísmo, nem ser israelense, e certamente não é o que nossa bandeira simboliza”, escreveu Lapid em seu perfil no Twitter. De acordo com o serviço de ambulância Crescente Vermelho Palestino, cerca de 27 palestinos ficaram feridos em confrontos com a polícia israelense.
O portão de Damasco é um ponto de encontro popular para os palestinos. Antes do início do evento, a polícia israelense isolou ruas que levavam ao local para liberar a passagem dos muçulmanos e evitar o conflito entre os manifestantes e comerciantes palestinos.
Horas antes da marcha, palestinos em Gaza lançaram balões incendiários em comunidades israelenses perto da fronteira. Segundo o corpo de bombeiros de Israel, pelo menos 20 incêndios foram causados. A mídia local disse que a administração de Bennett ordenou retaliação pelos lançamentos e voltou a atacar a Faixa de Gaza.
O Hamas chegou a alertar sobre a possibilidade de novos ataques durante a manifestação. De acordo com a Reuters, o ato testava a coragem da administração de Naftali Bennett e levou Israel a reforçar sua implantação do sistema antimísseis. No entanto, nenhum ataque foi feito.
MANIFESTAÇÃO
A chamada “Marcha das Bandeiras”, organizada por grupos judaicos de extrema-direita, foi aprovada pelo novo governo na 2ª feira (14.jun.2021). Ela é uma tradicional passeata com bandeiras de Israel para comemorar o Dia de Jerusalém. A data celebra a conquista de Jerusalém Oriental por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Os israelenses consideram a cidade inteira como a capital do país. Já os palestinos não reconhecem a invasão e querem que Jerusalém Oriental seja a capital de um futuro estado que inclui a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.