Mianmar deve iniciar julgamento de líder deposta nesta segunda-feira (14)
Premiada com o Nobel da Paz, Suu Kyi enfrenta acusações de corrupção e fraude eleitoral; país passa por tumultos e protestos com mortes desde fevereiro
O julgamento de Aung San Suu Kyi, líder deposta de Mianmar, deve começar nesta segunda-feira (14), enquanto a junta que derrubou seu governo eleito rejeitou críticas da Alta Comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas ao uso de força letal contra manifestantes.
Mianmar passa por tumultos desde que os militares tomaram o poder, em 1º de fevereiro, e deteve Suu Kyi e outros membros de seu partido, o que desencadeou protestos diários e combates entre as Forças Armadas, guerrilhas e milícias de minorias étnicas.
Suu Kyi, de 75 anos, deve ir a julgamento nesta segunda acusada de violar regulamentos contra o coronavírus durante a campanha de reeleição, que ela venceu em novembro, e da posse de walkie-talkies sem licença. A defesa da líder deposta acredita que o primeiro julgamento deve se estender até o final de julho.
Premiada com o Nobel da Paz, Suu Kyi ainda enfrenta outras acusações mais graves, como tentativa de incitação, violação da lei de segredos oficiais e aceitação de 600 mil dólares e 11,4 quilos de ouro do ex-ministro-chefe de Yangon.
Sua equipe legal negou qualquer irregularidade e seu advogado principal, Khin Maung Zaw, classificou as acusações mais recentes de corrupção de “absurdas”.
Phil Robertson, vice-diretor da Human Rights Watch para a Ásia, disse em um comunicado que as acusações que Suu Kyi enfrenta “são falsas e têm motivação política” e que “deveriam ser descartadas, resultando em sua libertação imediata e incondicional”.
O Exército diz que tomou o poder à força porque o partido de Suu Kyi venceu a eleição por meio de uma fraude eleitoral, uma acusação rejeitada pela comissão eleitoral anterior e por monitores internacionais.
As forças de segurança de Mianmar já mataram ao menos 862 pessoas durante a repressão dos protestos realizados desde o golpe, de acordo com a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos, mas a junta militar questiona esse número.