Presidente do BID: Brasil fracassará se usar commodities em ações de curto prazo

Segundo Mauricio Claver-Carone, consórcio 'o consórcio foi criado para cobrir 20% das populações e não chegamos a isso'

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O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver alertou para o histórico brasileiro de se aproveitar do aumento dos preços internacionais das commodities — o que está sendo visto atualmente e já aconteceu em outros momentos da história recente –, com políticas de curto prazo e populistas.

“Se começarmos a usar esse aumento de preços das commodities com medidas de curto prazo e populistas, a região está novamente fadada ao fracasso”, disse em entrevista à CNN.

Carone ressalta também o déficit de infraestrutura, especialmente na área da saúde, que ficou mais claro em meio à crise sanitária e social gerada pela pandemia. E isso acontece, segundo ele, pela falta de investimentos que trazem melhorias estruturais.

“Países da América Latina e do Caribe estão formam a região que menos investiram em infraestrutura na última década. Existe uma brecha nesse setor de mais de US$ 100 bilhões”, diz. Segundo ele, investimentos em infraestrutura têm um efeito duplicador no Produto Interno Bruto (PIB) de um país: para cada dólar investido, voltam 2 dólares.

“Porém, como vimos, o aumento dos preços no passado tem sido investido em programas de curto prazo, populistas, e se tem ignorado investimentos no futuro dos países, o que nos traz ao cenário que vemos agora: um terço das mortes por Covid-19 no mundo aconteceram da América Latina e Caribe”, diz.

A entrevista da CNN com o chefe do BID, da qual um trecho foi publicado no começo da semana, teve sua íntegra transmitida na noite deste domingo (6).

‘Covax Facility não funcionou’

Covax Facility — aliança mundial feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) junto a entidades para ampliar a distribuição de vacinas contra a Covid-19 e garantir acesso igualitário aos imunizantes –, não foi executado de forma eficaz, segundo Carone.

Carone diz ainda que o consórcio foi criado para cobrir 20% das populações, mas não alcançou esse objetivo. “Precisamos falar do que acontece com os outros 80%”.

O mundo, segundo ele, passa por um problema de abastecimento. Nesse cenário, os países desenvolvidos contam com um superávit de vacinas 3 ou 4 vezes o tamanho de suas populações. “Países ricos têm que liberar o superávit de vacinas”, diz.

Na visão de Claver-Carone, a vacinação é “um dos grandes desafios do nosso tempo”. Além disso, ele também ressaltou a abrangência da crise gerada pela pandemia.

“É uma das épocas mais difíceis, não só da crise econômica, mas a mais grave da história do banco e na história da região dos últimos 200 anos.”

Na última quinta-feita (3), o governo dos Estados Unidos anunciou os detalhes de seu plano para compartilhar pelo menos 80 milhões de doses de vacinas com o resto do mundo até o final de junho. Pelo menos 75% dessas vacinas serão compartilhadas com o consórcio Covax, e Brasil será beneficiado por meio do consórcio.

O total de doses de vacinas que serão destinadas ao país, no entanto, ainda não está claro – os EUA não informaram, separadamente, quantas unidades serão destinadas por país. O comunicado da Casa Branca, porém, diz que o país está no grupo que receberá 6 milhões de unidades por meio da Covax.

Além do Brasil, essas unidades serão divididas por Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Haiti e outros países caribenhos, além da República Dominicana.

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Fonte cnnbrasil
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