À CNN, senador diz que CPI da Pandemia virou ‘massacre contra governistas’
Eduardo Girão (Podemos-CE) criticou o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) e defendeu que Eduardo Pazuello preste depoimento
Em entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (6), o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia transformou-se em um “massacre” contra os parlamentares governistas. O senador é membro titular da CPI.
De acordo com Girão – que não se considera integrante do grupo em desvantagem e sim um senador independente -, há uma clara indução por parte do comando da CPI em fazer do inquérito um palanque eleitoral com vistas às eleições de 2022.
“Eu vejo que está acontecendo um massacre. Os governistas estão sendo massacrados por uma questão de pré-julgamento, de não dar voz”, disse Girão. “O plano de trabalho, não se tem, é um plano de trabalho apenas de ataque”.
Girão disse que a CPI está desequilibrada porque só são aprovados os requerimentos que pedem oitivas de integrantes do governo federal, enquanto gestores de estados e municípios ainda não compareceram à investigação.
“Eu concordo, eu assino tudo que é para chamar o governo federal, mas que eu vejo aí algo somente com interesse eleitoral de sangrar esse governo. Eu vejo, e eu não acho isso correto com o povo brasileiro nesse momento”, reclamou.
Questionado sobre a possibilidade de senadores aliados do governo Jair Bolsonaro (sem partido) produzirem um relatório “alternativo” ao de Renan Calheiros (MDB-AL), Girão preferiu não se pronunciar, acreditando que estaria sendo “leviano” se o fizesse, mas afirmou que Calheiros “é imparcial”.
“Existe um flagrante conflito de interesses do relator. Ter filho governador contamina o resultado do relatório”, argumentou Girão. Renan Calheiros é pai de Renan Filho (MDB), chefe do Executivo de Alagoas.
Eduardo Girão foi o autor do requerimento que foi juntado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao pedido de Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e que deu origem à CPI da Pandemia. O primeiro requerimento, de Randolfe, pedia uma CPI para apurar somente as ações e eventuais omissões do governo federal, enquanto o documento protocolado por Girão pedia também a investigação do uso de recursos repassados pela União a estados e municípios.
Além de Renan Calheiros, Jader Barbalho (MDB-PA), suplente na CPI, também tem um filho governador: Helder Barbalho (MDB), do Pará.
Depoimento de Eduardo Pazuello
O senador Eduardo Girão disse à CNN que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deveria ter comparecido presencialmente à CPI da Pandemia nesta semana. O depoimento de Pazuello estava marcada para esta quarta-feira (5), mas foi adiado para o dia 19 de maio após o ex-ministro informar que esteve em contato com duas pessoas que testaram positivo para a Covid-19.
Para Girão, bastava que Pazuello fizesse os testes necessários para a Covid-19, afinal, “a presença dele é importante”.
“Teria de fazer os testes para ver se ele está contaminado, mas eu acredito que talvez tenha faltado esse exame para a gente conferir e confirmar a presença dele nesta semana. Ficou para o dia 19, mas acredito que daqui até lá têm muita coisa para acontecer e será muito bem-vinda a presença dele”, pontuou.
Depoimento de Queiroga
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestou depoimento à CPI da Pandemia nesta quinta-feira. Na CPI. Queiroga defendeu a autonomia de estados e municípios na aplicação de medidas de restrição contra a Covid-19, postura contrária à do presidente Jair Bolsonaro.
Durante a sessão, Queiroga anunciou que o governo federal havia liberado verba para a compra de mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer. De fato, R$ 6,6 bilhões foram liberados, conforme divulgado no Diário Oficial da União (DOU).
A necessidade de mais vacinas para o devido enfrentamento da pandemia foi reconhecida pelo ministro, que ressaltou a dificuldade enfrentada por diversos países na obtenção de doses.
“É preciso ter mais doses para acelerar [o programa de vacinação]. Precisa de mais ativismo do nosso governo, que tem ocorrido sob liderança do ministro [das Relações Exteriores], Carlos França. Temos dialogado permanentemente com embaixada da China, da Índia, do Reino Unido, dos EUA”, disse Queiroga.
Na opinião de Queiroga, declarações críticas do presidente Jair Bolsonaro às vacinas contra a Covid-19 não trazem prejuízo à campanha nacional de vacinação. Segundo o ministro, pesquisas mostram que mais de 85% da população brasileira quer ser vacinada, e o governo tem feito sua parte ao disponibilizar verba para a compra de vacinas.
Queiroga afirmou que não faria juízo sobre as opiniões de Bolsonaro, já que essa não seria sua função, mas afirmou que o presidente apoia a campanha de vacinação contra o novo coronavírus.
“Minha opinião é que estamos implementando uma campanha de vacinação que está sendo bem sucedida. (…) É isso que posso dizer.”
Questionado diversas vezes sobre o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da Covid-19, Queiroga se limitou a dizer que não sofreu pressão por parte de Bolsonaro para o uso da cloroquina e que não autorizou a distribuição do remédio.
O ministro evitou se manifestar sobre a ineficácia do medicamento e destacou que o corpo técnico da pasta da Saúde fará uma avaliação detalhada.