Como o coronavírus sequestra células humanas para sabotar o sistema imunológico?
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia descobriram uma maneira pela qual o coronavírus sequestra a célula humana para sabotar a resposta imunológica, ou seja, conseguindo acesso para estabelecer a infecção, replicar e causar a doença da Covid-19.
O genoma do vírus tem um marcador por enzima humana que dá comandos para o sistema imunológico, ao mesmo tempo também aumenta a produção das proteínas que o coronavírus usa como uma porta para entrar nas células.
O estudo foi publicado em abril deste ano e ajuda a estabelecer bases para novos tratamentos contra o vírus da Covid-19, que tendem a funcionar estimulando o sistema imunológico da pessoa, ao invés de de matar diretamente o vírus.
“É muito inteligente da parte desse vírus usar máquinas hospedeiras para entrar simultaneamente em modo furtivo e entrar em mais células”, explicou Tariq Rana, Ph.D., professor e chefe da Divisão de Genética do Departamento de Pediatria da UC San Diego Escola de Medicina e Moores Cancer Center.
Isso porque nas células humanas , os genes de DNA são transcritos em RNA, que depois são traduzidos em proteínas, porém, não é tão simples. As células podem modificar quimicamente o RNA e influenciar a produção das proteínas necessárias. Sendo assim, as modificações é na adição de grupos metil à adenosina, que é um dos blocos de construção que compõem o RNA.
Ao contrário dos humanos, os genomas de alguns vírus, incluindo do coronavírus são compostos de RNA em vez de DNA. Assim, ao invés de carregar a maquinaria para traduzir isso em proteínas, o vírus da Covid-19 faz com que as células humanas façam o trabalho.
Neste momento, a equipe de Rana está validando as descobertas em modelos animais e também desenvolvendo inibidores para testar como potenciais terapias para coronavírus.
“Esperamos que, ao manipular os níveis de m6A no vírus, possamos cronometrar a resposta imune inata de uma forma que beneficie os pacientes com Covid-19, especialmente para os pacientes leves ou moderados que não desenvolveram tempestade de citocinas”, explicou Rana.
Fonte: Medical Xpress