Líder do Centrão, Ciro Nogueira diz que CPI da Covid só vê ‘momento errado’

Senador afirma que comissão existe somente para atacar o governo Jair Bolsonaro

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Aliado do presidente Jair Bolsonaro e líder do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que deve nos próximos dias passar a funcionar no Senado Federal. Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (15), o parlamentar afirmou que a CPI, cuja formação deve incluí-lo, foi criada “apenas para atacar o governo” Jair Bolsonaro (sem partido), acontece em “uma hora muito errada” e é “totalmente parcial porque só vê um momento, e o momento errado”.

De acordo com Nogueira, há um “momento correto” de levar adiante uma investigação como essa, isto é, pelo menos após o pico da pandemia no país, que ainda passa pelo pior momento da crise sanitária até aqui. “Não temos como definir, no meio de uma guerra, quem é o vencedor”, reclamou.

O senador negou que fará a defesa do governo federal na CPI e disse que o presidente Bolsonaro errou ao minimizar a pandemia. No entanto, segundo o político, o governo federal mais acertou do que errou na condução da crise sanitária. Ele citou as transferências de recursos para estados e municípios em 2020 e o auxílio emergencial como medidas acertadas do governo.

Sem especificar, Nogueira criticou os governos estaduais. Segundo o senador, alguns governadores usaram os recursos injetados pela União para “fazer caixa, para pagar funcionalismo, ao invés de preparar seus estados para combater a pandemia”.

“É uma situação em que não há inocentes, nem tem ninguém que é 100% correto nem ninguém que é 100% errado”, pontuou. “Eu espero que essa CPI venha para contribuir para que a gente possa ajudar a população que realmente está precisando de auxílio”.

Eleições de 2022

Na entrevista, Ciro Nogueira, que também é presidente do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), reafirmou seu compromisso com a candidatura de Bolsonaro à reeleição em 2022, e disse que, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato de Curitiba, o próximo pleito presidencial deverá ser protagonizado pelo petista e pelo atual presidente.

“É uma eleição muito difícil de surgir uma terceira via, são dois políticos [Lula e Bolsonaro] que já têm um percentual [de votos] bem consolidado e é muito difícil mudar esse quadro e não ter um segundo turno entre Lula e Bolsonaro”, afirmou.

Indicações para a CPI da Covid-19

Nesta quinta-feira (15), o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fez a leitura da lista com os nomes dos senadores indicados pelos partidos para compor a CPI da Covid-19, que vai investigar ações e omissões do governo federal na pandemia, bem como a administração de recursos da União enviados a estados e municípios.

Como ainda pode haver trocas nas indicações dos partidos, os nomes lidos hoje por Pacheco não são, necessariamente, os que irão compor a comissão.

Agora, se não houver trocas, caberá ao senador Otto Alencar (PSD-BA) decidir quando será realizada a primeira sessão da CPI, por ser o senador mais velho indicado para a comissão. Nessa reunião, serão escolhidos o presidente e o relator da CPI.

De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor da proposta que originou a CPI da Covid-19, a primeira sessão deverá ocorrer na próxima quinta-feira (22).

Os parlamentares integrantes da comissão são:

  • No bloco que reúne MDB, Progressistas e Republicanos, foram indicados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Braga (MDB-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL). Os suplentes são Jader Barbalho (MDB-PA) e Luis Carlos Heinze (PP-RS).
  • O bloco dos partidos Podemos, PSDB e PSL indicou Eduardo Girão (Podemos-CE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) como titulares, além do suplente Marcos do Val (Podemos-ES).
  • O PSD indicou os titulares Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA). O senador Angelo Coronel (BA) é o suplente.
  • O bloco dos partidos Democratas, PL e PSC indicou como titulares Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC). O suplente é Zequinha Marinho (PSC-PA).
    O bloco formado por PT e Pros tem o senador Humberto Costa (PT-PE) como titular e Rogério Carvalho (PT-SE) é o titular.
  • O bloco de PDT, Cidadania, Rede e PSB terá o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como titular. O suplente será o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Inidicações para a comissão da CPI da Covid-19 (15.abr.2021)
Foto: CNN Brasil

CPI da Covid-19

Inicialmente, a proposta da CPI da Covid-19 feita pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) era para investigar somente o enfrentamento da pandemia por parte do governo federal. Embora a proposta tenha conseguido reunir número superior às 27 assinaturas necessárias para ser levada adiante, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se recusou a fazê-lo.

Diante da recusa, os senadores Jorge Kajuru (de Goiás, que antes estava no Cidadania e nesta quinta-feira comunicou sua filiação ao Podemos) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em decisão monocrática confirmada na quarta-feira (14) pelo plenário do Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso determinou a instalação da CPI.

Senadores mais alinhados com o governo Bolsonaro se movimentaram, então, para ampliar o escopo da investigação, de forma que o governo federal não fosse o único foco da comissão. Assim, a administração por estados e municípios do dinheiro destinado pela União ao enfrentamento da pandemia também acabou incorporada à investigação.

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Fonte cnnbrasil
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