Funcionários da fábrica da LG em Taubaté entram em greve

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Os trabalhadores da fábrica da LG em Taubaté, no interior paulista, entraram em greve após rejeitar a proposta de indenização aos funcionários que serão demitidos com o fechamento da unidade de produção de smartphones – divisão cuja fabricante sul-coreana anunciou a saída em todo o mundo no começo de abril. A ação levaria ao encerramento de, ao menos, parte das atividades na planta.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), a paralisação tem adesão de 700 empregados das linhas de celulares e monitores. De acordo com entidade, a empresa ofereceu valores adicionais nos acordos de rescisão entre R$ 8 mil e R$ 35,9 mil, calculados a partir do tempo de trabalho na fábrica. A proposta foi rejeitada em assembleia na última segunda-feira (12).

Fornecedoras da LG pararam já na semana passada

Os movimentos de greve envolvendo a LG começaram já na semana passada. Na terça-feira, 06 de abril, funcionários da Blue Tech e 3C (ambas em Caçapava), além da Sun Tech (São José dos Campos), três fábricas da região do Vale do Paraíba que produzem smartphones para a LG, entraram em greve nesta terça-feira (06), permanecendo paradas durante todo o dia. Além disso, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, a paralisação será por tempo indeterminado.

Com a saída da LG do mercado mobile, os 430 funcionários que compõem as três fábricas correm o risco de serem demitidos, já que as fábricas serão fechadas. Isso porque todas as unidades produzem exclusivamente smartphones para a marca sul-coreana.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos defende a manutenção de todos os postos de trabalho e afirma que, caso se esgotem as possibilidades de permanência das fábricas na região, a luta será para garantir que todos os benefícios pagos aos trabalhadores da LG sejam estendidos às funcionárias da Blue Tech, Sun Tech e 3C.

Funcionários das fábricas que produzem smartphones para LG fazem greve pela saída empresa da divisão mobile (Foto: Roosevelt Cássio / Sind. dos Metalúrgicos)

Além da paralisação, o Sindicato de São José dos Campos entrou, na segunda-feira, 05 de abril, com uma representação no Ministério Público do Trabalho e apresentou denúncia contra a LG e suas fornecedoras por demissão coletiva em plena pandemia, ausência de negociação prévia, falta de transparência e de boa-fé. A entidade pede a instauração de inquérito civil para que seja aprofundada a apuração dos fatos e que se busquem soluções para reduzir o impacto social da decisão da LG.

Por fim, o sindicato defende que o governo federal estatize as empresas que realizarem demissão em massa ou anunciem o fechamento no Brasil.

O que diz a LG sobre a greve

O Canaltech entrou em contato com a LG para comentar a paralisação. Em nota, a empresa afirmou:

“Além do processo de recrutamento interno entre as unidades no Brasil, a LG continua ativamente engajada com o sindicato de Taubaté para alcançar uma indenização adicional às verbas rescisórias para fins sociais em favor de seus funcionários. A LG visa mitigar o impacto do encerramento das operações em sua unidade fabril de Taubaté.

Em razão da proposta ter sido rejeitada inicialmente, a empresa adotou as medidas judiciais cabíveis, porém continua aberta ao diálogo com a liderança sindical e com os funcionários para resolver essa demanda de forma amigável. Por fim, importante mencionar que a LG ainda manterá 300 empregos diretos na cidade de Taubaté.”

23 trimestres de prejuízo e na mira do Procon-SP

Depois de cinco anos de prejuízos – ou 23 trimestres, se preferir – e perdas que chegaram a US$ 4,1 bilhões, a LG jogou a toalha e anunciou a sua saída do mercado de smartphones. O fim da divisão mobile está programado para o dia 31 de julho. No final de 2020, a participação global da companhia no setor mobile era de apenas 2%, com 23 milhões de aparelhos vendidos, segundo a consultoria Counterpoint.

Em comunicado, a empresa afirmou que concentrará seus recursos em áreas de crescimento, como componentes de veículos elétricos, dispositivos conectados, casas inteligentes, robótica, inteligência artificial e soluções business-to-business, bem como plataformas e Serviços.

Além disso, ela continuará a alavancar sua experiência móvel e desenvolver tecnologias relacionadas à mobilidade, como 6G para ajudar a fortalecer ainda mais a competitividade em outras áreas de negócios. As principais tecnologias desenvolvidas durante as duas décadas de operações de negócios móveis da LG também serão mantidas e aplicadas a produtos existentes e futuros.

No entanto, deixar do mercado de smartphones não é uma tarefa tão simples, visto que dezenas de milhares de pessoas no Brasil usam os aparelhos da marca e têm direito a suporte. O anúncio de saída da LG colocou a empresa na mira do Procon-SP. A entidade de defesa do consumidor notificou que a fabricante para que ela explique os seguintes termos:

  • Relação completa de todos os modelos de smartphones disponibilizados no mercado de consumo nos últimos três anos com os correspondentes Manuais de Usuário, bem como relação de Assistências Técnicas Autorizadas;
  • Comprovar período estimado de vida útil dos aparelhos acima mencionados – em condições normais de uso, no tocante à durabilidade e desempenho de eficiência;
  • Plano de atendimento – com indicação de tempo de vigência – aos consumidores adquirentes dos aparelhos smartphones já comercializados pela empresa, descrevendo os procedimentos aplicáveis quando estiverem dentro dos prazos de garantias legais e contratuais;
  • Plano de atendimento – com indicação de tempo que vigência – para manutenções, reparos e reposição de peças aos consumidores não amparados pela garantia legal e/ou contratual;
  • Esclarecimentos sobre eventual redução da Rede de Assistência Técnica Autorizada após encerramento das atividades desenvolvidas pela referida Divisão, bem como forma de sua divulgação para ciência do público consumidor;
  • Comprovação de funcionamento de Canais de Atendimento aos Consumidores, para recebimento e tratamento de demandas após o encerramento de suas atividades;
  • Esclarecimentos sobre o período em que a empresa manterá a oferta no mercado de consumo de componentes, peças de reposição e acessórios compatíveis aos aparelhos smartphones disponibilizados no mercado de consumo nos últimos três anos, bem como a forma de comunicação de tais procedimentos ao público interessado.

O prazo final para que a LG dar os esclarecimentos acima foi até o dia 09 de abril, mas ainda não se tem notícia se ela os fez. Antes da notificação do Procon, a empresa já havia enviado um posicionamento bastante genérico e alinhado com sua comunicação global. Nete, a empresa diz apenas que “mantém o compromisso com seus clientes de smartphones nas políticas de garantia, seguindo os termos de cada um dos países”.

Com informações da Agência Brasil

 

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