País deve chegar a taxa de juros neutra em 2022, diz Kanczuk
Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) – O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, disse nesta quinta-feira que a tendência é que o país chegue à taxa de juros neutra apenas em 2022, já que, se o BC levasse a Selic a esse patamar já neste ano, seus modelos mostram que a inflação ficaria abaixo da meta no horizonte relevante para a política monetária.
Segundo Kanczuk, o cenário básico do BC contempla atualmente uma taxa de juros real neutra de 3% para a economia brasileira, que, somada a uma inflação de 3,5%, aponta uma taxa nominal neutra de 6,5%.
“Parece que é um aperto excessivo, que eu tenho que ir mais lentamente, é assim que estou vendo agora”, disse o diretor, em inglês, durante evento virtual do banco BNY Mellon.
Ele acrescentou que, assumindo que as variáveis fiquem em linha com as projeções do BC e as expectativas de inflação sigam ancoradas, “você deve atingir a taxa neutra quando o hiato do produto estiver próximo de zero”.
“Isso deve ser em 2022, não em 2021, é por isso que você não deveria ter normalização completa em 2021. Essa é a informação que estamos dando”, afirmou.
A Selic está atualmente em 2,75% ao ano e, em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou estar dando início a um processo de “normalização parcial” da taxa ao subir os juros em 0,75 ponto percentual e indicar outro aumento da mesma magnitude para maio.
Kanczuk ressaltou que o uso da expressão “normalização parcial” não é um compromisso, mas uma indicação de como o BC vê a política monetária à frente. “As coisas podem evoluir”, alertou.
A expectativa de analistas de mercado e economistas é que a Selic chegue ao final deste ano em 5%, aumentando para 6% no final do ano que vem, segundo a mais recente pesquisa Focus do BC.
A taxa de juros neutra é aquela que mantém a inflação estável em torno da meta, com a economia operando em plena capacidade.
“Estamos trabalhando com taxa (neutra) de 3% real no cenário básico”, disse Kanczuk.
“Se você somar uma inflação de 3,5%, então você tem uma Selic de 6,5% como uma taxa nominal neutra, estou te dando isso. Ainda que eu tenha um desvio padrão grande, é assim que estou olhando para a coisa, é minha melhor suposição. Isso vai evoluir ao longo do tempo e vou dar (comunicar) qualquer mudança que terei nessa taxa neutra.”