Anvisa autoriza teste de soro anti-covid em humanos
Testes realizados em animais pelo Instituto Butantan mostraram que o soro foi capaz de reduzir o perfil inflamatório do coronavírus
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) concedeu, nesta quarta-feira (24), permissão para que o Instituto Butantan, de São Paulo, faça testes do soro hiperimune anti-Sars-CoV-2 em humanos.
Para dar início ao estudo, no entanto, o Butantan ainda precisa apresentar as informações complementares que não foram integralmente disponibilizadas, segundo nota divulgada pela agência. “Para isso, será enviado um ofício com apontamento das pendências ao Butantan, o que já estava acordado entre a Anvisa e o Instituto”, diz o comunicado.
Em nota, o Instituto Butantan informou que os resultados dos testes realizados em ratos infectados pelo vírus vivo mostraram que o soro foi capaz de diminuir a carga viral do novo coronavírus, além de reduzir o perfil inflamatório; os animais também apresentaram preservação da estrutura pulmonar.
Segundo o instituto, os estudos serão iniciados nos próximos dias em parceria com a Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e o Hospital do Rim e Hipertensão, em São Paulo, e serão conduzidos pelo infectologista Esper Kallás, da USP, e pelo nefrologista José Medina, ambos integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus do governo do Estado de São Paulo.
Ainda de acordo com o Butantan, os testes devem ocorrer com a utilização do soro em pacientes com infecção recente e alto ou altíssimo risco de desenvolverem covid grave. “O objetivo da pesquisa é verificar a segurança, a dose mais apropriada e a eficácia do soro em pacientes com quadro inicial de sintomas de covid-19. Espera-se que o soro impeça que a doença evolua para quadros graves nesses pacientes”, diz a nota.
O médico Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que o soro é uma vacina instantânea. “É um concentrado de anticorpos contra o coronavirus. Quando o paciente começa a ter manifestações clínicas importantes, ele já pode receber o soro, que começa a combater o vírus e isso permite que a doença não continue”, disse.
A tecnologia usada na produção do soro é a de vírus inativado por radiação que, ao serem aplicado em cavalos, produzem anticorpos do tipo IgG, que são extraídos do sangue e purificados.