Lava Jato acabou com 4,4 milhões de empregos, aponta Dieese
Estudo encomendado pela CUT Aponta impacto sobre investimentos
Estudo que analisa o impacto da operação Lava Jato para a economia brasileira aponta que R$ 172,2 bilhões deixaram de ser investidos no país de 2014 e 2017. A pesquisa foi feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), e encomendada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Os resultados foram divulgados em apresentação virtual nesta 3ª feira (16.mar.2021). O estudo completo será publicado em livro, lançado pela CUT, previsto para o fim de abril. Eis a íntegra da apresentação (378KB).
O levantamento do Dieese foca na Petrobras e no setor da construção, ao fazer um mapeamento de obras afetadas na construção civil e de valores não investidos pela estatal. Como resultado, cerca de 4,4 milhões de postos de trabalho foram perdidos no país de 2014 a 2017, como consequência da operação. Do total, 1,1 milhão são do setor da construção civil.
Além das cadeias produtivas de petróleo e gás e da construção civil, a operação afetou indiretamente outros segmentos da economia, apontou a pesquisa. A perda de investimentos foi estimada em 3,6% do PIB de 2014 a 2017.
A Lava Jato também impactou na arrecadação de impostos. De acordo com o estudo, R$ 47,4 bilhões em impostos diretos deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos.
atividade econômica | ocupações |
---|---|
Construção | 1.075.719 |
Comércio por atacado e varejo | 802.176 |
Serviços domésticos | 269.867 |
Transporte terrestre | 246.600 |
Alimentação | 196.063 |
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária | 178.317 |
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita | 161.295 |
Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas | 139.444 |
Organizações associativas e outros serviços pessoais | 132.107 |
Outras atividades administrativas e serviços complementares | 123.757 |
Educação privada | 106.473 |
Saúde privada | 99.429 |
Confecção de artefatos do vestuário e acessórios | 68.719 |
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos | 57.393 |
Intermediação financeira, seguros e previdência complementar | 51.927 |
Demais | 730.497 |
fonte: CUT/Dieese
Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, as ações da Lava Jato eram “espetaculosas” e expunham o nome das empresas. “Tanto a Petrobras como o setor de construção foram dizimados pela Lava Jato. Quem comete crime são as pessoas. As empresas e os empregos têm que ser preservados”, afirmou.
Nobre disse que entregará cópias do estudo aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Defendeu uma investigação sobre as pessoas que atuaram na operação, para apurar supostos interesses de empresas estrangeiras na quebra das companhias nacionais.
Para o presidente da CUT, a Lava Jato tinha um projeto de poder e que sua atuação foi responsável por eleger o presidente Jair Bolsonaro.
A LAVA JATO
A força-tarefa da Lava Jato foi criada em março de 2014 pelo MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná). As operações deflagradas pelo grupo se notabilizaram pelas prisões de políticos e empresários. A maioria dos casos foram julgados pela 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba-PR, que tinha Sergio Moro como juiz federal até 2018.
A operação Lava Jato é considerada a maior ação contra a corrupção no país. Há desdobramentos no Rio de Janeiro, de São Paulo e do Distrito Federal. No início de fevereiro, a força-tarefa do Paraná foi incorporada ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPF.