Clube-empresa ou clube social: qual modelo de gestão reinará no futebol do futuro?
Para além da disputa em campo, o confronto entre Paris Saint-Germain e Barcelona pelas oitavas de final da Liga dos Campeões trouxe uma rivalidade velada nos bastidores: o modelo de clube-empresa x o modelo de clube social.
O Barcelona, instituição mais-do-que-centenária, ainda é regida por um sistema presidenciável de eleições, sem contar com um dono, colocando-se como um clube social. Já o PSG foi adquirido por um grupo estrangeiro e pertence ao Oryx Qatar Sports Investment, sobretudo na figura de Nasser Al-Khelaifi.
A ascensão do clube francês em sua liga nacional – e agora, na Europa – valorizou a estrutura dos clubes-empresa. Já os escândalos de suposta corrupção no Barcelona colocaram em xeque o modelo de clube social regido por um sistema presidencial.
Porém, no meio dessa troca de extremos, o que realmente ficará no futuro? Será que o modelo de gestão social permanecerá em um mercado tão difícil e propenso aos clubes-empresa?
Qual o problema do Barcelona?
Nas últimas semanas, o ex-presidente do Barça, Josep María Bartomeu, foi detido após buscas no CT do clube catalão. Os motivos da prisão são as alegações de que a gestão do ex-mandatário teria contratado uma empresa de comunicação digital para espalhar notícias – muitas vezes, falsas – envolvendo até mesmo ídolos históricos do time, como Lionel Messi e Carles Puyol.
A operação milionária teria disseminado informações para aumentar a popularidade de Bartomeu e até mesmo diminuir a força de ídolos e de outras figuras ligadas ao clube. E a motivação é simples: política.
Para se manter no cargo, o presidente de um clube social precisa fortalecer suas relações políticas, para muito além das projeções dentro de campo. Afinal, são os associados que o elegem e não, necessariamente, os torcedores. Logo, os oclusos interesses nos bastidores são regidos pela máquina política.
No Barcelona, esse contexto chega a ser bem mais sério. Como represente da nação catalã, a equipe é um símbolo ‘nacional’ e pode conferir muito poder político aos seus líderes, não apenas no contexto do clube, mas de toda a governança estatal. Dessa maneira, fica aparente um possível interesse de Bartomeu em se fortalecer enquanto figura política, motivando até mesmo os ‘ataques’ a outras figuras populares da história do Barça.
Ainda correndo na justiça, o ‘Barçagate’ ainda pode ir muito longe, por mais que o ex-presidente já tenha sido liberado no dia posterior à sua prisão.
Um problema que se repete
Essas ingerências podem ser frequentes nas estruturas de clubes sociais, onde, de maneira lógica ao próprio modelo, o fortalecimento político se coloca como mais importante do que a gestão em si, visto que a prioridade pode ser se manter ou conservar o próprio grupo no poder.
Acusações parecidas já foram feitas no Brasil, como o Corinthians de 2007, que viu o seu ex-presidente Alberto Dualib ser investigado por uma série de escândalos após mais de uma década à frente do clube.
Clube-empresa é a solução?
Não exatamente. Ingerências em clubes-empresa são comuns no futebol, como o caso do Anzhi, na Rússia, que chegou a ter gigantes como Samuel Eto’o, mas ‘decaiu’ após o desinteresse de seu ex-dono.
Logo, de maneira semelhante ao clube social, o clube-empresa pode sofrer com a má gestão de seus líderes. Porém, com a ascensão de sucessos como PSG e Manchester City, a tendência é que o formato ganhe força nos próximos anos, principalmente em um contexto de crise pós-pandêmica.
E você, o que acha: será que o clube-empresa é mesmo o futuro?