Bolsonaro diz que conseguiu negociar novas doses da vacina com a Pfizer por ‘gravidade’ da Covid-19 no Brasil
BRASÍLIA – Após minimizar por meses os impactos da pandemia no país, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que conseguiu negociar novas doses da vacina contra a Covid-19 com a Pfizer porque os representantes da farmacêutica entenderam “a gravidade que o Brasil atravessa” e não querem que a nova cepa do vírus se espalhe ainda mais. Apesar disso, Bolsonaro manteve críticas ao isolamento social.
— Eles (representantes da Pfizer) entenderam a gravidade que o Brasil atravessa, com essa nova cepa, que é interesse deles que não saia do local, né. Isso ajudou muito nessa negociação — afirmou Bolsonaro ao chegar no Palácio da Alvorada.
O presidente disse que a programação e os contratos fechados pelo governo para vacinar a população “estão indo muito bem”. Ele também minimizou as críticas ao falar que “está faltando vacina em todo o mundo”.
Mais cedo, na reunião com o diretor-executivo mundial da Pfizer, Albert Bourla, Bolsonaro afirmou que gostaria de fechar o contrato pela “agressividade que o vírus tem se apresentado no Brasil”.
— Quero apenas agradecer a gentileza desse encontro. Reconhecemos a Pfize como uma grande empresa mundial, com grande espaço no Brasil também. Em havendo, repito, possibilidades, nós gostaríamos de fechar contratos com os senhores até pela agressividade que o vírus tem se apresentado no Brasil — disse o presidente, em trecho publicado em seus redes sociais.
Após o encontro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e Airton Soligo, assessor especial do Ministério da Saúde, informaram que Bolsonaro pediu a antecipação de entrega de cinco milhões de doses para o primeiro semestre, o que teria sido aceito. Segundo Soligo, conhecido como Cascavel, a previsão de entrega de imunizantes no primeiro semestre vai passar de nove milhões para 14 milhões.
— O que o presidente da Pfizer garantiu ao presidente Bolsonaro hoje? A antecipação de cinco milhões, do segundo semestre, para maio e junho. Ou seja, dos nove milhões que nós tínhamos previsto, se incorporarão mais cinco milhões de doses, passando para 14 milhões — declarou Cascavel.
Bolsonaro volta a criticar lockdown
Na mesma noite, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se posicionar contra o estabelecimento de “lockdowns” em estados e cidades brasileiras durante entrevista ao programa Brasil Urgente. Bolsonaro afirmou que as restrições de mobilidade deveriam ser impostas apenas às pessoas mais velhas e com comorbidades. Sem apresentar evidências científicas, ele afirmou que pessoas jovens não transmitem ou apresentam sintomas graves da doença.
— Não tem que ter lockdown. A política do lockdown foi para que os governadores construíssem hospitais, criassem leitos de UTIs e respiradores. O problema de UTIS sempre foi grave. Você tem que fazer uma campanha pro pessoal mais idoso, para o pessoal que tem comorbidade se cuidar e ficar em casa até que a vacina chegue pra eles — disse.
Apesar do aumento no contágio de jovens pelo novo coronavírus desde o final do ano passado, Bolsonaro afirmou que eles representam a grande maioria da população e não transmitem a doença, nem são hospitalizados. Segundo o presidente, eles “sentem pouca coisa ou quase nada e esse pessoal tem que trabalhar”.