Cresce a pressão para que governador de Nova York, acusado de assédio sexual, renuncie
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, luta para salvar sua vida política após ser acusado de assédio sexual pela terceira mulher.
O democrata de 63 anos, que se tornou uma estrela nacional em 2020 por sua gestão da pandemia, caiu em desgraça nos últimos dias.
Vários analistas previram que ele faria parte do governo do presidente Joe Biden, mas agora muitos membros de seu partido estão pedindo sua renúncia.
Cuomo, já sob os holofotes por ter minimizado o número de mortes por coronavírus em lares de idosos no estado de Nova York, autorizou formalmente uma investigação na segunda-feira depois que duas ex-funcionárias o acusaram de comportamento inapropriado.
Horas depois, Anna Ruch, de 33 anos, que ao contrário das autoras das denúncias anteriores nunca trabalhou com ele, disse ao The New York Times que Cuomo a abordou em um casamento em 2019. Ele teria perguntado se poderia beijá-la, após ela empurrar a mão que ele havia colocado na parte inferior de suas costas.
“Fiquei muito confusa, chocada e envergonhada”, contou ela ao jornal. “Virei a cabeça e fiquei sem palavras.”
Políticos democratas e republicanos juntaram-se às mulheres e a organizações contra o abuso para pedir a renúncia do governador, cujo terceiro mandato termina no final de 2022.
“Se essas alegações forem verdadeiras, ele não pode governar”, disse nesta terça o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, rival de longa data de Cuomo.
Para Sam Abrams, professor de Ciências Políticas do Sarah Lawrence College, a terceira acusação “torna muito mais difícil” que Cuomo consiga permanecer no cargo.
“Se ele perder o apoio do partido, e é isso que está acontecendo, ele não tem futuro e não terá um quarto mandato”, afirmou.
O Senado do Estado de Nova York anunciou nesta terça que retirará os poderes de emergência atribuídos ao governador no início da pandemia, devido ao caso dos lares de idosos. Essas prerrogativas expirariam em 30 de abril.
– Investigação aberta –
A acusação pública de Ruch se somou à de Charlotte Bennett, uma ex-assessora de Cuomo que afirmou ter sido assediada sexualmente por ele no ano passado, e à de Lindsey Boylan, uma ex-assessora que descreveu um contato físico indesejado do governador.
Cuomo disse no domingo que “lamenta sinceramente” que sua conduta tenha sido “mal interpretada como um flerte indesejado”.
O governador negou qualquer ação ou proposta inadequada, mas cedeu à pressão e acabou aceitando uma investigação conduzida pela procuradora de Nova York, Letitia James.
Para Bennett, a resposta do governador corresponde às “ações de um indivíduo exercendo seu poder para evitar a justiça”, indicou em um comunicado na segunda-feira ao Times.
“Estou com Anna Ruch”, postou Bennett no Twitter. “Seu comportamento impróprio e agressivo não pode ser justificado ou normalizado”, escreveu em solidariedade.
De acordo com Bennett, de 25 anos, Cuomo disse a ela em junho que estava aberto a sair com mulheres na casa dos 20 anos e perguntou se a diferença de idade influenciaria em um relacionamento amoroso, informou o Times.
Embora Cuomo nunca tenha tentado tocá-la, ela se sentiu ameaçada. “Entendi que o governador queria dormir comigo e me senti terrivelmente desconfortável e assustada”, afirmou.
Boylan, de 36 anos, também tuitou seu apoio, dizendo que o relato de Ruch a fez se sentir “enjoada”.
Esta ex-funcionária disse em um blog que Cuomo a assediou quando ela trabalhava para sua administração entre 2015 e 2018. Ela relatou que ele lhe deu um beijo indesejado na boca, sugeriu que jogassem “strip poker” e tocou suas costas, braços e pernas.