Equador enfrenta onda de rebeliões sangrentas em prisões que deixam 50 mortos
Pelo menos 50 pessoas morreram nesta terça-feira (23) após motins de presos em três presídios no Equador, que segundo as autoridades, respondem respondem a confrontos entre gangues de criminosos financiadas pelo narcotráfico.
“No momento, a Criminalística relata mais de 50 PPL (pessoas privadas de liberdade) falecidos”, informou a instituição por meio do Twitter.
A violência atingiu as prisões do porto de Guayaquil (sudoeste) e as cidades andinas de Cuenca e Latacunga (ambas no sul). A polícia não especificou se já restaurou a ordem nos estabelecimentos.
O Ministério Público informou que 38 detentos foram mortos no pavilhão de segurança máxima do Centro de Reabilitação Social de Cuenca.
Por seu lado, o presidente equatoriano Lenín Moreno atribuiu os motins a “organizações criminosas” que atacam simultaneamente.
As autoridades “estão agindo para retomar o controle das prisões”, disse o presidente na mesma rede social.
– Crise em curso –
O comandante da polícia, Patricio Carrillo, afirmou inicialmente que se tratava de “rebeliões generalizadas” e que “a situação é crítica” na prisão de Latacunga. As autoridades ativaram um posto de comando unificado para restaurar a ordem.
“Dada a ação orquestrada por organizações criminosas para gerar violência nas prisões do país, conseguimos, a partir das ação do Posto de Comando Unificado e do comando da polícia, retomar o controle”, disse o Ministro de Governo (Interior), Patricio Pazmiño no Twitter.
Em dezembro, vários distúrbios nas prisões equatorianas atribuídos a disputas de poder entre organizações criminosas e do narcotráfico deixaram onze presos mortos e sete feridos.
O sistema prisional abriga cerca de 38.000 pessoas e 1.500 guardas sob sua custódia.
O governo decretou um estado de exceção penitenciária que terminou em dezembro, e que basicamente buscava retomar o controle das prisões.
Somente em 2020 as brigas na prisão deixaram 51 mortos. De janeiro a terça-feira, a Polícia registrou três mortes em confrontos entre presidiários.
O órgão governamental responsável pelas prisões, SNAI, reconheceu a falta de pessoal de segurança, o que “dificulta as ações de resposta imediata” diante das revoltas de prisioneiros.
Na segunda-feira foi realizada uma busca na cadeia de Guayaquil, para a qual o SNAI “presume que esses eventos [os distúrbios] são um sinal de resistência e rejeição dos internos, diante dessas ações de controle”.
Em meio à pandemia de covid-19 e para reduzir a superlotação das prisões, o Equador aplicou no ano passado medidas alternativas para aqueles que cumpriam penas por crimes menores, o que reduziu a superlotação de 42% para 30%.