Baleia reclama de interferência na eleição da Câmara; Lira diz que ninguém influencia no processo
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara lançado pelo autal presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Executivo não deveria tentar influenciar na sucessão, ao passo em que Arthur Lira (PP-AL), seu principal adversário e apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, disse que ninguém influencia na disputa.
Lira lidera a corrida pelo comando da Câmara, contando com dissidentes e rachas até mesmo nos partidos que já haviam declarado apoio a Baleia. O emedebista, por sua vez, tenta debelar as divisões em seu grupo para garantir ao menos um segundo turno na disputa pela presidência da Casa.
“Acho que o Executivo não deveria tentar influenciar na decisão de um outro Poder, ainda mais na presidência da Câmara dos Deputados. A Câmara tem que ser um poder independente, tem que ter liberdade na sua atuação”, disse Baleia a jornalistas.
“Eu quero presidir uma Câmara dos Deputados que não se vende por 30 moedas, eu tenho convicção que nós vamos ganhar a eleição e vamos trabalhar por uma agenda do país”, acrescentou.
Ao perceber a importância de ter um aliado na presidência da Câmara, o Planalto investiu na articulação, que incluiu a negociação de emendas parlamentares e cargos.
Na quarta-feira, o presidente da Câmara acusou a interferência e alertou que o governo não terá orçamento para cumprir as promessas assumidas nessas articulações.
O próprio presidente Jair Bolsonaro declarou, nesta semana, sua intenção de “influir” no processo.
Questionado, Lira afirmou que “influir na presidência da Câmara é diferente do que ele pode ter dito. Porque na presidência da Câmara ninguém influi”.
“Se tiver a oportunidade de ser eleito, serei independente, serei altivo, serei autônomo e serei harmônico. Eu não vou procurar briga e nem insuflar nenhum tipo de discussão que não sejam as propostas desses período de eleição”, afirmou Lira.
O candidato do PP disse ainda que há “versões” sobre a disputa e que segue em campanha na busca de votos.
“Não reclamo de interferência de governadores, não reclamo de interferência da Câmara no processo de escolha de sessões, dos horários, dos blocos”, citou o deputado.
“Esse momento não é momento de baixar nível de campanha, as propostas dos dois candidatos já são conhecidas… Os perfis já estão traçados, ninguém muda mais voto de ninguém uma altura dessas.”
A Câmara se reúne na próxima segunda-feira para eleger os integrantes da Mesa para os próximos dois anos. A sessão de votação está marcada para as 19h. Antes disso, as bancadas precisam formalizar, até o meio-dia, sua participação em blocos, e as candidaturas devem ser registradas até as 17h.
Para vencer em primeiro turno, o candidato precisa de 257 votos, que representa a maioria absoluta maioria absoluta dos deputados.