‘Vamos ter que sacrificar premissas econômicas’ para manter socorro aos mais pobres, diz candidato à presidência do Senado
BRASÍLIA – O candidato à presidência do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) disse nesta quinta-feira que o país terá que “sacrificar premissas econômicas” para socorrer os mais pobres por meio de algum programa social.
— Vamos ter que sacrificar algumas premissas econômicas para poder manter alguma forma de socorro a essas pessoas — disse Pacheco, em entrevista à Bloomberg.
O senador, que é apoiado pelo governo, acrescentou que o teto de gastos deve ser observado, mas relativizou a regra fiscal ao afirmar que é preciso socorrer os mais vulneráveis.
— O teto de gastos foi uma medida importante, ele deve ser observado, mas vivemos estado de necessidade absolutamente excepcional com pessoas morrendo e desempregadas então, é preciso que o Estado as socorra. Como fazer é caminho que vamos encontrar em alinhamento com Ministério da Economia
A declaração foi interpretada por analistas do mercado financeiro como um sinal de risco às regras de responsabilidade fiscal, como o teto de gastos. Com isso, a Bolsa de Valores passou a operar no negativo.
Também nesta quinta, Pacheco concedeu entrevista ao GLOBO, mas não mencionou a possibilidade de desrespeitar o teto de gastos. Ao contrário, afirmou que qualquer mudança será feita dentro dos limites da responsabilidade fiscal, que considerou “premissa fundamental de um país sério”.
— Temos um teto de gastos a cumprir, que é de índole constitucional, a responsabilidade fiscal, que é premissa fundamental de um país sério, e temos de outro lado um estado de necessidade de pessoas que precisam ser alcançadas por algum tipo de auxílio, algum tipo de programa, pessoas que realmente estão vulnerabilizadas — afirmou o senador ao GLOBO.
Ele acrescentou:
— O primeiro passo que nós temos é o Senado, a Câmara, junto com o Ministério da Economia, encontrar uma forma de compatibilizar a responsabilidade fiscal com a necessidade da assistência social a essas pessoas, seja com uma modalidade de auxílio emergencial como essa ou assemelhada, seja com incremento do Bolsa Família, mas quanto mais possível, respeitando a responsabilidade fiscal.
Lira: auxílio que ‘mercado possa suportar’
Ainda nesta quinta, o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato à presidência da Câmara, também defendeu a prorrogação do auxílio emergencial. Segundo ele, o benefício será de acordo com o que o mercado suportar.
— O auxílio emergencial precisa acontecer de uma forma que o mercado possa suportar — disse Lira, ao ser questionado em evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na capital paulista, segundo informações do jornal “Valor Econômico”.
Segundo ele, a discussão só avançará quando o Orçamento for aprovado, o que ainda depende do retorno dos trabalhos do Congresso, previsto para o início de fevereiro:
— Precisamos de dois a três meses com Orçamento aprovado para discutir novo programa de auxílio emergencial.