Idosa de 68 anos recebe primeira vacina em aldeias indígenas do Amazonas
TABATINGA (AM) — A vacinação em aldeias indígenas, um dos grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde, começou na manhã desta terça-feira. Na região do Alto Solimões, no Amazonas, a aldeia escolhida para marcar o inicio da vacinação foi Umariaçu IAPRENDA A FAZER, que fica ao lado da cidade de Tabatinga, na fronteira com a Colômbia.
Qual é o seu lugar na fila da vacina?
A primeira pessoa a receber a vacina em Umariaçu I foi Isabel Mariano, de 68 anos. Ela foi imunizada por volta de 11h20 (horário local). Isabel encorajou os outros moradores a também se vacinarem.
— A vacinação é muito importante para a comunidade. Toda a população tem que tomar — disse Isabel.
A aldeia recebeu cerca de 1.200 doses, e o planejamento inicial era aplicar todas elas ainda nesta terça. O número é o equivalente a todos os moradores maiores de 18 anos. Entretanto, uma forte chuva atrapalhou a logística e, no início da tarde, ainda não havia um balanço de quantas pessoas haviam sido imunizadas. Além disso, parte dos moradores ainda tem dúvidas quanto à vacinação.
— Estou dando o exemplo para a minha população. Vou mostrar que não são (verdadeiros) muitos boatos que estão falando — disse o técnico em enfermagem Tarcis Marques, o primeiro trabalhador de saúde da aldeia a receber a vacina.
Um avião com 10 mil doses da CoronaVac chegou na manhã desta terça-feira em Tabatinga, vindas de Manaus. Destas, 1.100 foram entregues para a prefeitura, que deve aplicar em profissionais de saúde. As outras 8.900 serão destinadas para indígenas, incluindo as entregues em Umariaçu I.
Quatrocentos mil indígenas podem ser vacinados
O objetivo do Ministério da Saúde era iniciar a vacinação de forma simultânea em todos os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), divisão administrativa utilizada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde.
De acordo com a Sesai, o Brasil tem cerca de 755 mil indígenas aldeados, distribuídos em 6 mil aldeias pelo país.
A vacina estará disponível, de forma voluntária, para todos os indígenas acima de 18 anos. A Sesai calcula que que são 430 mil nessa situação.
Como as duas vacinas aprovadas até agora pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exigem duas doses, serão necessárias cerca de 860 mil doses para atender toda a população indígena.
O DSEI do Alto Solimões tem 70 mil indígenas, sendo 35 mil acima de 18 anos. A expectativa da Sesai é vacinar todo esse público em 10 dias.
*Repórter e fotógrafo viajaram a convite do Ministério da Defesa