Bolsonaro quer demitir André Brandão do BB; ações do banco desabam

Guedes tenta reverter Papéis caem 4% Banco não confirma a saída

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O presidente do BB (Banco do Brasil), André Brandão, deve ser demitido. A informação fez as ações do banco desabarem no Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Às 16h45, caíam mais de 4%.

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou insatisfação com o último anúncio do BB, na 2ª feira (11.jan.2021), de fazer uma reorganização administrativa com redução de agências e demissão de 5.000 funcionários. A iniciativa permitiria economizar R$ 535 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025. Eis a íntegra do comunicado (508 KB).

A demissão ainda não foi confirmada pelo Ministério da Economia e pelo Banco do Brasil, que preferiram não comentar. Segundo interlocutores do Planalto, a decisão já teria sido tomada pelo presidente. O ministro Paulo Guedes (Economia) ainda tenta reverter.

O enxugamento do banco foi justificado pela digitalização dos serviços financeiros e pelo novo modelo de negócio do setor, que exige menos agências e maiores investimentos em tecnologia. A tendência de diminuição de unidades de atendimento acontece há anos. Do 4º trimestre de 2016 ao 3º trimestre de 2020, o número de agências caiu 19,7%. O de funcionários, 8,5%.

A demissão de grande número de funcionários não foi bem vista pelo presidente. O anúncio foi feito um dia antes da Ford anunciar a saída das fábricas do país 5.000 funcionários.

A queda nas ações reflete a interferência do Palácio do Planalto no banco. André Brandão era bem visto pelo mercado. O presidente da instituição trabalha há mais de 30 anos no mercado financeiro. Foi presidente do HSBC Brasil de 2012 a 2016.

 

 

Ele foi confirmado para o cargo em 14 de agosto de 2020. Desde essa época, as ações do banco subiram 22% até esta 3ª feira (13.jan.2021). Caem mais de 4% nesta 4ª.

Anabb(Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil) encaminhou uma carta na 2ª feira (11.jan.2021) ao presidente do BB. Eis a íntegra (97 KB). O texto diz que as medidas anunciadas prejudicam diretamente os recursos humanos do BB. As medidas são provocariam “inequívocos reflexos negativos para a população e, especialmente, para milhões de clientes do banco”, segundo o texto.

A associação disse que o enxugamento sobrecarrega a rede de funcionários, que têm se desdobrado para prestar serviço de qualidade, alcançar metas e suportar “severas pressões e cobranças”. Também afirmou que as ações desconsideram “a realidade brasileira, a dimensão geográfica do País”.

“As medidas transmitem uma percepção de ‘cortina de fumaça’ para encobrir as intenções privatistas em torno do BB. Uma forma de se desfazer de patrimônio público é ir, gradativamente, enfraquecendo as empresas e comprometendo seu desempenho. A ANABB entende que o esvaziamento do BB e o enfraquecimento de sua atuação em áreas chave de negócios comprometem sua solidez e seu papel de banco público”, disse a nota.

BRANDÃO É O 2º PRESIDENTE NA ERA BOLSONARO

Em 24 de julho de 2020, o BB anunciou que Rubem Novaes havia pedido demissão ao ministro da Economia, Paulo Guedes, de quem é próximo.

Novaes era defensor da privatização do Banco do Brasil. Mas a desestatização da instituição financeira não estava nos planos do presidente Jair Bolsonaro.

Guedes concordava com Novaes quanto à privatização. Na reunião ministerial de 22 de abril, disse: “Tem que vender essa porra logo”.

O Banco do Brasil não é 100% estatal. Tem ações negociadas no mercado financeiro. Sua administração é complexa porque também envolve investidores privados.

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Fonte poder360
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