Teles afirmam terem investido R$ 21 bi no Brasil de janeiro a setembro de 2020
As teles brasileiras afirmam que fizeram investimentos na ordem de R$ 21,4 bilhões no país, de janeiro a setembro de 2020. As informações são da Conexis Brasil Digital (antiga SindiTelebrasil), entidade que representa as companhias de telecomunicações no país.
Segundo a Conexis, enquanto os investimentos gerais no país tiveram queda, os do setor de telecomunicações se mantiveram em linha com o realizado nos últimos quatro anos, cuja média foi de R$ 21,8 bilhões, em valores reais. Segundo o balanço, no terceiro trimestre, os investimentos foram de R$ 7,1 bilhões, mantendo-se estáveis em relação ao trimestre imediatamente anterior, quando foram investidos R$ 7,2 bilhões. Ao ano, os aportes no setor de telecom têm sido de cerca de R$ 32 bilhões, aplicados especialmente em expansão das redes e melhoria da cobertura e da qualidade dos serviços.
“Esses números mostram que o setor continua acreditando no Brasil, mesmo em um ano de enormes desafios como o de 2020”, afirmou o presidente executivo da Conexis, Marcos Ferrari. “De forma geral, considerando a economia como um todo, o investimento no Brasil em setembro deste ano ficou 22% abaixo do pico verificado em dezembro de 2014 e deverá ser superado apenas em setembro de 2025. Em telecom, mantivemos os aportes em alta”, acrescentou.
Desde a privatização, em 1998, o setor de telecomunicações investiu mais de R$ 1 trilhão em valores atualizados, incluindo o pagamento de outorgas.
Alcance do 4G
O balanço mostra ainda que a receita bruta apresentado pelas teles foi de R$ 181,8 bilhões, em valores reais, de janeiro a setembro, com queda de 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
No entanto, a Conexis observa que a conectividade avançou de forma significativa no país, especialmente no 4G, que chegou a 5.059 municípios, onde moram 97,9% da população brasileira. A entidade afirma que ritmo de expansão está acelerado, com a conexão de mais de um novo município por dia com as redes de quarta geração. No período de 12 meses, de novembro de 2019 a outubro de 2020, foram conectados, pelo menos, 408 novos municípios com 4G.
No mesmo período, 17 milhões de novos chips 4G foram ativados, chegando a um total de 168 milhões de acessos 4G em outubro, um crescimento de 11% em 12 meses. Considerando também o 3G, a banda larga móvel chegou a 203 milhões de acessos.
Pandemia
A pandemia da COVID-19, que marcou 2020, também colocou à prova a capacidade das teles em prover conectividade estável à milhões de pessoas que tiveram de ficar – e trabalhar – em casa.
Além de conseguir manter o fornecimento dos serviços de forma estável, o setor contribuiu com várias ações proativas, como o envio de mais de 700 milhões de SMS gratuitos para os usuários de celular. As teles também forneceram gratuitamente a ferramenta do Mapa de Calor, auxiliando estados e municípios na medição dos índices de isolamento e garantiu de forma gratuita para o consumidor e para o estado o acesso ao aplicativo do Auxílio Emergencial.
O setor firmou ainda parceria com o TSE para acesso gratuito ao site “Fato ou Boato?”, hospedado na Justiça Eleitoral. A página traz a checagem de fatos sobre o processo eleitoral para os cidadãos. Nestas iniciativas, mais de 1,5 mil terabytes foram trafegados sem custos à população.
“O ano de 2020, com desafios impostos pela pandemia, mostrou que o setor de telecom é essencial na vida das pessoas e é a base da economia digital”, avaliou Ferrari. “Nossas redes suportaram o aumento de demanda repentina e permitiram que as pessoas cumprissem o isolamento social, trabalhando, estudando, se divertindo em casa e com segurança”.
Conectividade será o foco em 2021
Para a Conexis, o foco das teles para 2021 será a conectividade, incluindo o início dos trabalhos para a rede 5G, com o leilão das frequências, que deve ocorrer no primeiro semestre.
Para isso, a entidade defende uma agenda que priorize a digitalização do país. Entre os principais pontos está uma reforma tributária que alivie o peso dos tributos para o brasileiro e dê a ela mais acesso aos serviços de conectividade. Hoje, o setor arrecada R$ 65 bilhões ao ano em tributos e quase metade da conta – 47% em média – é formada por impostos estaduais e federais.
Outro ponto essencial é a atualização das leis municipais de antenas e de infraestrutura de telecomunicações, necessária para ampliar a conectividade e para a implantação do 5G, que vai demandar 5 vezes mais antenas que o 4G. Atualmente, 300 leis municipais dificultam essa expansão e mais de 4 mil pedidos de novas antenas aguardam licenciamento pelas prefeituras.
Aliás, por falar em 5G, a entidade afirma defender um diálogo aberto e políticas públicas que permitam que os benefícios dessa nova tecnologia cheguem à população, com foco na ampliação do acesso, leilão não arrecadatório e mitigação para a solução da interferência.
“É fundamental que as soluções para o leilão do 5G sejam dadas pelo viés técnico e econômico, considerando tanto os requisitos de segurança associados às soluções quanto todos os aspectos de custos relativos à implantação da tecnologia e sua conexão com a infraestrutura já existente nas redes das operadoras”, afirma Ferrari.
Para ampliar a conectividade, a Conexis também defende o uso correto dos fundos setoriais também. A entidade afirma que, desde 2000, já foram recolhidos R$114 bilhões para os fundos e menos de 10% deles foram utilizados.
A entidade afirma ainda que as teles desejam avançar cada vez mais no Sistema de Autorregulação do setor. Nesse ano, foi implantado o Conselho de Autorregulação, com conselheiros independentes, especialistas na área. Os trabalhos foram efetivos, com aprimoramento do “Não me perturbe!” e a aprovação de outros normativos importantes.
Por fim, a entidade reforça a importância do avanço de outras matérias estratégicas para o desenvolvimento da economia e para o setor de telecomunicações no Congresso Nacional, como o PL 8518/2017 (Silêncio Positivo – que facilita a instalação de antenas em áreas em que o governo não manifesta contra após o pedido) e a PEC 17/2019 (Dados Pessoais), projetos de lei que endurecem penas para furto e roubo de cabos, entre outras.