Aves que não voam eram mais comuns antes da dominação humana

Pesquisa liderada pela Universidade College London, na Inglaterra, sugere Nova Zelândia e Havaí eram os dois lugares com mais espécies de pássaros que não podiam voar

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Haveria pelo menos quatro vezes mais espécies de aves que não voam na Terra hoje se não fosse pela influência humana, aponta um estudo liderado pela Universidade College London, na Inglaterra. A pesquisa, publicada nesta quarta-feira (2) na Science Advances, sugere que um número muito menor de aves eram capazes de voar há 126 mil anos do que seria de esperar considerando apenas as espécies que existem atualmente.

Para o estudo, os pesquisadores compilaram uma lista de todas as espécies de aves que foram extintas desde o surgimento dos humanos no Pleistoceno Superior, há cerca de 126 mil anos. Dos 581 animais identificados, 166 não tinham a capacidade de voar (hoje existem apenas 60) e quase todos desapareceram em algum grau por conta da influência humana. Segundo os estudiosos, as extinções causadas pela humanidade distorceram nossa compreensão da evolução.

“Os impactos humanos alteraram substancialmente a maioria dos ecossistemas em todo o mundo e causaram a extinção de centenas de espécies animais”, afirmou Ferran Sayol, líder da pesquisa, em declaração. “Isso pode distorcer os padrões evolutivos, principalmente se as características em estudo, como a ausência de voo nas aves, tornam as espécies mais vulneráveis ​​à extinção. Temos uma imagem tendenciosa de como a evolução realmente acontece.”

Os cientistas explicam que muitas espécies de animais podem se tornar incapazes de voar em ambientes em que não existam seus predadores usuais como, por exemplo, em ilhas. Como voar gasta muita energia, se as aves não precisarem voar para sobreviver, a habilidade se torna menos necessária.

Entretanto, esse fenômeno torna esses animais presas mais fáceis em regiões repentinamente ocupadas por predadores, como humanos. Os pesquisadores relatam que, antes da ocupação humana, a maioria dos grupos de ilhas em todo o mundo tinha aves que não voavam ocupando nichos ecológicos que, de outra forma, seriam preenchidos por mamíferos. Eles ainda ressaltaram duas regiões em que o fenômeno foi particularmente notável: a Nova Zelândia, com 26 espécies, e o Havaí, com 23 espécies.

“Nosso estudo mostra que a evolução da ausência de voo nas aves é um fenômeno generalizado”, pontuou Sayol. Segundo ele, a maioria das espécies que não voam hoje em dia são pinguins ou avestruzes e seus parentes, por exemplo. “Agora, apenas 12 famílias de aves têm espécies que não voam, mas antes que os humanos causassem extinções, o número era de pelo menos 40. Sem essas extinções, estaríamos compartilhando o planeta com corujas, pica-paus e íbis que não voam, mas infelizmente todos eles desapareceram”, lamentou o pesquisador.

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Fonte revistagalileu
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