Cientistas revertem perda de visão por envelhecimento em ratos pela 1ª vez
Estudo da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, demonstra de maneira inédita que é possível reprogramar tecidos complexos com segurança
Cientistas da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiram restaurar a visão de camundongos que haviam perdido o sentido pelo envelhecimento. O trabalho, compartilhado nesta quarta-feira (2) na Nature, detalha como os pesquisadores conseguiram fazer com que as células oculares envelhecidas na retina “voltassem no tempo“, recuperando a função de genes jovens.
Esta é a primeira demonstração de que é possível reprogramar com segurança tecidos complexos, como as células nervosas do olho, para uma idade mais precoce. “No início desse projeto, muitos de nossos colegas disseram que nossa abordagem falharia ou seria muito perigosa para ser usada”, disse Yuancheng Lu, líder do estudo, em declaração. “Nossos resultados sugerem que esse método é seguro e pode potencialmente revolucionar o tratamento dos olhos e de muitos outros órgãos afetados pelo envelhecimento.”
Para o trabalho, a equipe usou um vírus adeno-associado (AAV) como veículo para levar à retina de camundongos três genes restauradores da juventude, Oct4, Sox2 e Klf4, que normalmente são ativados durante o desenvolvimento embrionário. A abordagem dos pesquisadores se basou em uma nova teoria sobre por que envelhecemos.
A hipótese se baseia no fato de que a maioria das células do corpo contém as mesmas moléculas de DNA, mas funções amplamente diversas. Portanto, para atingir esse grau de especialização, as partículas devem ler apenas genes específicos para seu tipo. Essa função, por sua vez, é o alcance do epigenoma, um sistema de ativar e desativar genes em padrões específicos e sem alterar a sequência básica de DNA do gene.
Assim, a teoria postula que as mudanças no epigenoma ao longo do tempo fazem com que as células leiam os genes errados e funcionem mal, levando a doenças associadas ao envelhecimento. Uma dessas mudanças mais importantes no epigenoma é a metilação do DNA, um processo pelo qual grupos de moléculas, conhecidas como metil, são fixadas nele.