Após apagar postagem, Ministério da Saúde defende ‘tratamento ‘precoce’ contra Covid-19
Após apagar uma postagem em que reforçava que não existe remédio que previna ou combata o novo coronavírus, o Ministério da Saúde defendeu, em uma nova publicação na tarde desta quarta-feira (18), o “tratamento precoce” da doença além da retomada das “atividades normais”.
“Diante da possibilidade do aumento do número de casos da #COVID19 , até que se tenha uma vacina segura e testada, recomendamos o TRATAMENTO PRECOCE. O médico deverá ser procurado ao sentir os primeiros sintomas.”, escreveu a pasta, comandada pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.
Diante da possibilidade do aumento do número de casos da #COVID19 , até que se tenha uma vacina segura e testada, recomendamos o TRATAMENTO PRECOCE. O médico deverá ser procurado ao sentir os primeiros sintomas.
— Ministério da Saúde (@minsaude) November 18, 2020
No complemento, o perfil do Ministério da Saúde alerta que as pessoas idosas ou classificadas como grupo de risco da doença “devem se precaver e evitar o contato com o público”. “As pessoas que estão fora do grupo de risco e as crianças devem continuar suas atividades normais, com os cuidados recomendados pelos protocolos do Ministério da Saúde”, finaliza.
O post feito anteriormente alertava da importância do isolamento social e da adesão de medidas de proteção individual no combate à Covid-19, uma vez que ainda não há medicamentos, vacinas ou alimentos contra o vírus.
A informação, apagada cerca de uma hora depois, contraria declarações do presidente Jair Bolsonaro, que defende o uso de medicamentos sem comprovação científica — como a hidroxicloroquina, cloroquina ou azitromicina — contra a Covid-19.
“Olá! É importante lembrar que, até o momento, não existem vacina, alimento específico, substância ou remédio que previnam ou possam acabar com a Covid-19. A nossa maior ação contra o vírus é o isolamento social e a adesão das medidas de proteção individual”, escreveu o perfil oficial ministério em resposta a uma seguidora.
O diálogo anterior ocorreu em uma publicação da pasta que falava sobre a importância da população procurar uma Unidade de Saúde após identificar sintomas da Covid-19.
“Para combater a Covid-19, a orientação é não esperar. Quanto mais cedo começar o tratamento, maiores as chances de recuperação. Então, fique atento! Ao apresentar sintomas da Covid-19, #NãoEspere, procure uma Unidade de Saúde e solicite o tratamento precoce”, dizia a mensagem original.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro defendeu o uso de fármacos como hidroxicloroquina e azitromicina como forma de combate à Covid-19, contrariando especialistas e até mesmo integrantes do Ministério da Saúde.
No final de março, quando o Brasil registrava os primeiros casos de Covid-19, Bolsonaro escreveu que o tratamento com Hidroxicloroquina e Azitromicina “tem se mostrado eficaz” e que iria trazer “um ambiente de tranquilidade e serenidade ao Brasil e ao mundo. Oito meses depois, o País possui mais de 160 mil mortes decorrentes da doença.
Nos últimos meses, virou praxe que ministros e aliados de Bolsonaro anunciassem que estavam sendo tratados com os medicamentos após contraírem a doença. É o caso do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que chegou a ser internado no final de outubro por complicações após contrair a covid-19. Alguns dias antes da internação, Pazuello falou, ao lado de Bolsonaro, que tomou os medicamentos defendidos pelo presidente e que estava “zero bala”.
Após receber alta, o ministro admitiu que o novo coronavírus é “uma doença complicada” e que é “difícil voltar ao normal”.