Se em 2015, Cinthia Ribeiro (PSDB) foi escolhida pela sigla para ser candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo PSB, após assumir definitivamente em 2018 o cargo de prefeita, a gestora agora é candidata a reeleição em 2020, na condição de favorita.
A prefeita da capital é graduada em fonoaudiologia e tem a política nas veias. Desde que conheceu o ex-senador João Ribeiro, em 2001 – quando ele exercia o mandato de deputado federal – enveredou-se pelos meandros da política, trabalhando intensamente no ano de 2002 na campanha do parlamentar rumo ao Senado Federal.
Nesta entrevista ao Jornal Opção/Tocantins, a prefeita da capital expõe as razões pelas quais quer ser reeleita ao cargo de comandante da cidade mais importante do Estado, como também avalia sua gestão, conquistas, avanços e, até mesmo, o que não foi possível realizar, em razão da pandemia decorrente do novo coronavírus.
Como candidata à reeleição, seria interessante que a Sra. pontuasse e fizesse uma síntese dos avanços e legados do seu mandato.
Eu costumo dizer que quero ser lembrada como a prefeita que teve um olhar mais humano sobre a cidade. A “capital do calor humano” não é só um slogan, e sim uma meta que temos perseguido e procurado usar como parâmetro para as nossas ações.
Ao priorizar a construção de casas, do asfalto nos bairros distantes, o cuidado com as pessoas da Zona Rural, e a melhoria da educação e da saúde, e, ao mesmo tempo, tornando a cidade mais acessível ao reduzir os custos com os impostos, nós estamos humanizando a cidade. Estas foram as marcas destes primeiros 2 anos e vou trabalhar muito para que seja o legado da Cinthia depois desses próximos 4 anos.
E o que não foi possível concretizar durante o período em que Sra. esteve à frente do Paço Municipal?
Palmas é uma cidade em construção, com imensos vazios e com grandes diferenças sociais. A cidade nunca fica pronta, e nem ficará, porque está em constante evolução. O desafio é tentar ditar o ritmo deste crescimento. O poder público tem que ser o indutor.
O investimento público sempre foi importante para o crescimento de Palmas, e é isso que atrai o investimento privado e o emprego de qualidade. Eu me angustiei muito no início porque queria fazer tudo com mais rapidez e precisava vencer a burocracia, organizar a casa e captar os recursos. Em seguida veio a pandemia, depois a eleição e agora a chuva.
Mas eu tenho dito que vou trabalhar os próximos quatro anos assim, com sol, com chuva, com eleição e se tiver uma outra pandemia nós já estaremos preparados para trabalhar da mesma forma.
Parte da população, como também alguns oposicionistas, alegam que a Sra. retardou o início das obras com recursos da CAF, para que coincidissem com o período eleitoral. Poderia esclarecer à população como isso realmente ocorreu?
Sou alvo de uma campanha de “fake news” para atacar a minha imagem e minha gestão. Quando recebi a gestão em abril de 2018, não tínhamos certidões e sobravam pendências no CAUC, que é uma espécie de Serasa do Poder Público. Precisei ajustar as condições fiscais da Prefeitura e, apenas no final de 2018, consegui obter as autorizações do governo federal para firmar o contrato de empréstimo.
Lançada em maio de 2019, as etapas da licitação foram concluídas em fevereiro de 2020 e ordem de serviço foi assinada em março. Inclusive, já temos quadras em fase de conclusão.
Estou transformando sonhos em realidade, pois não são apenas obras, é o pagamento de uma dívida história com famílias que aguardavam pelo asfalto na porta de suas casas há mais de 20 anos.
Além disso, essas obras estão criando áreas de comércio, pois atraem novas empresas e gera empregos. É preciso entender que investir em infraestrutura é fundamental para promover o desenvolvimento da indústria e comércio.
Em 19 de setembro de 2018 recebemos o parecer favorável da Secretaria do Tesouro Nacional. Dia 28 de novembro, a aprovação no Senado, logo após foi a vez da assinatura do contrato com a CAF, em 28 de dezembro de 2018.
O lançamento do processo licitatório das obras ocorreu dia 29 de maio de 2019. O próximo passou foi a abertura das propostas concorrentes no processo licitatório, em 8 de novembro de 2019. Divulgamos o resultado final da licitação em 7 de janeiro de 2020.
As últimas etapas compreenderam a Homologação do resultado da licitação, dia 3 de fevereiro de 2020, e a assinatura da Ordem de Serviço, em 6 de março de 2020.
Em sua campanha eleitoral a Sra. tem dito que tem cumprido promessas de outros gestores. Quais são as promessas do seu plano de governo para os próximos quatro anos, caso seja eleita?
Minha principal proposta é dar continuidade ao trabalho que comecei, a exemplo das obras de infraestrutura em curso. Com a minha reeleição, a cidade não vai parar, pois não teremos transição de governo. Além da continuidade das obras, vamos seguir com as ações de recuperação econômica pós-pandemia, e assegurar que a cidade continue crescendo.
Além disso, tenho projetos que pretendo implantar a partir de 2021. Temos um plano de governo que leva isso em consideração. Propostas para o período da pós-pandemia e propostas detalhadas em todas as áreas para os próximos 4 anos. Está tudo lá no nosso site e nas nossas redes sociais de uma forma bem clara mas que ainda estamos recebendo contribuições.
Na condição de mulher e trabalhadora, porque não foi possível idealizar e concretizar as creches noturnas, que poderiam atender as mães que desenvolvem suas funções neste período como, por exemplo, cozinheiras, pizzaiolas, garçonetes, auxiliares de serviços gerais ou camareiras?
É preciso esclarecer que a Educação Infantil no período noturno, por regra, não faz parte das atividades de manutenção e desenvolvimento de ensino por parte do Município. Mesmo assim atendemos milhares de crianças nessa faixa etária, por meio dos nossos CMEIs. Numa situação dessas, além da estrutura física, é preciso ter uma equipe multidisciplinar contratada, além de todo um investimento em segurança, limpeza para que a unidade de ensino esteja pronta para acolher os alunos na manhã seguinte, fora que, prestar um atendimento desses requer todo um planejamento para identificar a demanda e elaborar e avaliar o custo desse investimento. De toda forma, é uma ação que será avaliada no nosso segundo mandato.
O ex-secretário municipal de saúde, Daniel Zemuner, chegou a anunciar que os recursos para a construção de um Centro de Parto Normal na quadra 104 Norte – próximo ao Hospital Dona Regina – já estavam praticamente alocados. Porque não foi possível dar prosseguimento e concretizar a obra?
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020, o Centro de Parto Normal está devidamente alocado na dotação orçamentária da Secretaria Municipal de Saúde. Por essa razão, foi possível dar o devido andamento ao processo dessa obra em questão. O projeto já está pronto, e o próximo passo será a conclusão do processo licitatório.
O Centro de Parto Normal vai reestruturar a rede de atenção materno infantil e redução da
mortalidade materna, proporcionando à mulher e o recém-nascido no momento do parto e nascimento um atendimento humanizado, em conformidade com o componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha e do Programa Nascer Palmas.
Qual a sua avaliação sobre o enfrentamento à pandemia em Palmas, bem como a destinação dos recursos realocados para essa finalidade?
Nenhuma cidade estava preparada para a pandemia. Nem Nova Iorque, nem Paris, muito menos Palmas. Mas nós fomos aprendendo com as melhores experiências e apostando no conhecimento científico para orientar as nossas decisões. E posso lhe garantir que, eu faria tudo novamente, adotando as medidas para proteger a vida das pessoas.
O que era possível ser feito, nós fizemos e estamos fazendo. Estamos aplicando cada centavo sem escândalos, com um portal da transparência só para acompanhamento desses recursos.
E a pandemia deixa também um legado, não só de aprendizado, mas também de reestruturação do nosso sistema de saúde. Palmas não tinha sequer um respirador em suas UPAS. Hoje temos 72 respiradores e outros equipamentos complexos que nos permitem entubar e estabilizar pacientes nas UPAs. Antes, nada disso não era possível. tudo dependia do HGP.
A concessão do transporte coletivo em Palmas vencerá no curso do próximo mandato de prefeito. Uma vez reeleita, como pretende enfrentar o monopólio hoje existente e o que poderia ser melhorado, de uma forma geral, neste particular?
Eu assumi a Prefeitura de Palmas em 2018 e recebi um sistema de transporte que mudou muito pouco nos últimos 30 anos. Um sistema ultrapassado que não condiz com a realidade da cidade. Em 2022 vai vencer a concessão com este grupo de empresas e o próximo prefeito – e eu espero que o povo me reeleja –, terá a oportunidade de rever tudo isso e propor um novo modelo, a partir de uma ampla discussão com a sociedade e com os usuários. Precisamos rever linhas, estações, veículos de outros formatos, incorporar as motos e bicicletas e construir uma tarifa justa. Um sistema em que a população se sinta parte, fiscalize e ao mesmo tempo proteja o sistema.
Vamos realizar audiências públicas, envolver os órgãos de controle e achar o melhor modelo para a implantação de um novo modelo. Vamos ver se há outros grupos de empresas interessados neste serviço. Em muitas cidades as licitações para transporte não vêm atraindo empresas, por conta da opção da população por motocicletas, aplicativos e até bicicletas. O novo sistema precisa ser muito eficiente para atrair usuários e ficar atrativo para novas empresas. Por isso é que precisamos construir um novo desenho, um novo modelo de contrato.
Em razão da pandemia decorrente do coronavírus, muitos concursos públicos em andamento ou em vias de ser lançado foram paralisados. Isso atingiu, também, o certame da Guarda Metropolitana. A Sra. pretende lançá-lo caso seja reeleita? Quando isso ocorreria, efetivamente?
Em janeiro de 2020, a Fundação Vunesp foi oficializada como banca organizadora do novo concurso para a Guarda Metropolitana de Palmas, mas em razão da pandemia e ano eleitoral, a continuidade foi suspensa, mas retomarei em 2021. Já temos o aval da Secretaria Municipal de Transparência e Controle Interno, e da Procuradoria Geral do Município.
Além do Concurso da GMP, também vamos elaborar as bases para a realização de um concurso público para suprir a necessidade da rede municipal de Saúde em suas diversas categorias; concurso para Agentes de Fiscalização Ambiental; concurso para atender áreas específicas da Cultura; certame para o PreviPalmas e da Educação.
A Sra. foi muito criticada pela postura adotada em relação à Câmara de Vereadores, quando muitos parlamentares alegaram falta de diálogo com o Paço Municipal, como também, lamentaram a presença de um articulador político. O que poderia ser melhorado nessa relação, caso a Sra. seja reeleita?
As dificuldades entre Executivo e Legislativo sempre vão existir. São parte da democracia, mas eu sou muito grata aos vereadores que aprovaram nossas principais matérias, permitindo que, hoje, Palmas se transformasse neste canteiro de obras.
Reconheço que podemos melhorar muito esta relação a partir de uma nova legislatura, com novas ideias, novas pautas e demandas. Estou muito otimista com a evolução do nosso legislativo e espero que esta relação executivo e legislativo se reflita em muita coisa boa para Palmas.
Qual é a sua reflexão sobre as pesquisas eleitorais que indicam que a Sra. teria aproximadamente 30% dos votos?
Tenho recebido os resultados com muita tranquilidade. Muitos palmenses não conheciam o trabalho feito por mim em Palmas e, durante a campanha, estão vendo as melhorias feitas e também as que estão em curso, como as importantes obras infraestruturantes. A mais recente, divulgada dia 1º de novembro pela Real Time Big Data/TV Record, mostra 40% das intenções de votos dos palmenses.
Apesar das “fake news” e mentiras dos adversários políticos, os palmenses estão vendo o que é fato e o que é ameaça da velha política machista, dominada por homens que estão há anos em cargos públicos e quase nada fizeram pela nossa cidade. Estamos caminhando para a reta final e vou continuar minhas andanças apresentando minhas propostas e ouvindo os eleitores, quero discutir o futuro de Palmas com as pessoas. Sou muito grata aos palmenses pela confiança e apoio.
O espaço está aberto para suas considerações finais, além de tratar de outros temas que considerar relevantes.
Meu propósito é claro: Palmas não pode parar. A capital vive um dos melhores momentos da sua história. E nas minhas mãos, a cidade virou um canteiro de obras. Nosso compromisso é sempre levar o melhor para cada família. Mudamos a vida de muita gente com entrega de moradias, aumento de vagas nas escolas, atendimento humanizado na rede de Saúde e obras históricas que resgatam a dignidade da nossa população.
Com o cenário da pandemia, temos o dever de construir políticas públicas adaptadas a uma nova realidade onde, mais do que construir, teremos que nos preocupar em recuperar. Recuperar a autoestima de uma cidade fragilizada por uma tragédia. Recuperar um ano letivo. Recuperar setores da economia e também concluir e construir. Concluir o maior plano de obras simultâneas da história da nossa cidade, em franca realização.
Sou a única, entre todos candidatos, que pode garantir essa continuidade e avanços. Conto com todos os palmenses para que no dia 15 de novembro, me reelejam para mais quatro anos de gestão.