“Precisamos de estrutura que proteja o Pantanal”, diz Tebet
Senadora integrante da Comissão do Pantanal diz que governo deve se comprometer com estrutura de proteção para evitar queimadas
Integrante da comissão temporária do Senado que acompanha medidas de enfrentamento aos incêndios no Pantanal, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) defende que o governo federal reforçe a estrutura de proteção ao Pantanal, seja com investimentos próprios, ou com auxílio de fundos internacionais, e se comprometa com estrutura que proteja o bioma, com prevenção.
No sábado (3), Tebet e os demais integrantes da comissão irão a Corumbá (MS) para ouvir as autoridades locais e encontrar soluções conjuntas para o combate ao fogo. “Não podemos apontar o dedo para ninguém”, diz a senadora, que avalia que o desmatamento na Amazônia e a falta de rigor no combate aos crimes ambientais, que precisa de investimentos, levaram à destruição de 20% do bioma.
Leia abaixo entrevista concedida ao R7 Planalto:
Por que o Pantanal está queimando?
Isso não vem de agora, não podemos apontar o dedo para governo A ou B, seria leviano. O Pantanal é um bioma frágil e dependente da Amazônia. O desmatamento da Amazônia, independente se maior ou menor, muda o regime das chuvas e causa seca no Pantanal. Por conta disso tivemos a maior seca. Mas a seca sozinha não causa queimadas, é aliada à mão do homem. Então nós tivemos ali, parece que a Polícia Federal está chegando à conclusão que não mais do que seis fazendas, que de forma culposa, ou dolosa, alguns querendo queimar só lixo, outros que podem ter tido o objetivo de desmatar, mas apenas quatro ou seis foram capazes de destruir 20% do Pantanal, bioma que tem centenas de propriedades rurais.
Pode-se responsabilizar o agronegócio pelas queimadas?
Por conta disso se levantou essa celeuma de que o agronegócio não cuida do Pantanal e voltou a discussão ideológica que não leva a nada. A de que o Brasil é o País que mais cuida do seu meio ambiente, eu não tiro razão disso, versus os ambientalistas que dizem que o homem quer lucro e quer desmatar. Ambos têm razão. O agronegócio se não cuidar do meio ambiente, no outro ano a produtividade dele cai, ele perde o lucro. Há essa consciência da sustentabilidade do agronegócio e pela primeira vez há uma coalizão de ambientalistas e agroindústria, há convergência.
Como a senhora avalia o discurso do governo sobre as queimadas?
O que está equivocado é o discurso do ministro do Meio Ambiente que deveria deixar muito claro que: sim o Brasil preserva mas que há meia dúzia de grilheiros, de gente que queima de forma dolosa, de gente que entra em áreas públicas para poder se apossar e que o governo federal vai ser enérgico nos rigores da lei contra os criminosos ambientais. Quando não tem essa fala cria-se sensação para fora de que não cuidamos do meio ambiente e isso tem consequências econômicas.
Há omissão dos Poderes em relação às queimadas?
No Pantantal a falta de estrutura fez com que não combatêssemos o fogo como deveríamos e dessa forma há a omissão dos Poderes de uma forma geral. O que a gente quer levar para as autoridades [no âmbito da comissão termporária para o Pantanal] não é para tacar pedra em governo nenhum. Queremos o apoio do governo federal com recursos, fundos. E é fácil porque fundos ambientais são fáceis de serem conquistados a fundo perdido. Queremos que entidades federais se comprometam com estrutura que proteja o bioma, prevenindo.
Quais serão as próximas visitas da comissão?
No dia 3 [próximo sábado] vamos fazer a visita para ouvir os representantes de todos os segmentos do Pantanal e construir uma estratégia de prevenção no futuro, o que precisa de dinheiro e o que não.
E sobre o Estatuto do Pantanal, o que ele resolveria?
Não vi o estatuto ainda porque não foi ideia minha e ainda não está pronto. Mas ele quer criar oportunidades de proteção para o Pantanal, inclusive com fontes de financiamento, alternativas, abrir brechas. Já temos, por exemplo, rios importantes assoreados, então é importante ter o Estatuto.