Aborto de menina de 10 anos gera bate-boca e protestos em frente a hospital
Pessoas contrárias e a favor da interrupção da gravidez da jovem que foi estuprada pelo próprio tio estiveram no local onde a menina está internada para realizar o procedimento
A Justiça do Espírito Santo autorizou a interrupção da gestação da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio. O juiz Antonio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus, município onde a menina mora, deu aval à interrupção da gravidez para preservar a vida da vítima, que foi levada para Recife, já que no Espírito Santo o atendimento do hospital autorizado a fazer o aborto teria se recusado. A legislação autoriza a interrupção da gravidez em caso de estupro.
Pessoas contrárias e a favor do aborto estiveram na porta do hospital onde a menina está internada para realizar o procedimento. Houve bate-boca entre os dois grupos. O médico Olímpio Barbosa de Moraes Filho, gestor-executivo da instituição, foi hostilizado. A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informou que segue a legislação vigente em relação à interrupção da gravidez (quando não há outro meio de salvar a vida da mulher, quando é resultado de estupro e nos diagnósticos de anencefalia), além dos protocolos do Ministério da Saúde para a realização do procedimento, oferecendo à vítima assistência emergencial, integral e multidisciplinar.
A militante bolsonarista Sara Giromini, líder do movimento conhecido como ‘300 do Brasil’, disse em seu twitter que Olímpio é um “aborteiro”. Ela também fez uma postagem divulgando o nome da criança, o hospital onde ela estava e disse que “o aborteiro está a caminho”. O texto foi apagado. O caso se tornou público depois que a menina deu entrada no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, se sentindo mal. Enfermeiros perceberam que a garota estava com a barriga estufada, pediram exames e detectaram que ela está grávida de cerca de 3 meses. Em conversa com médicos e com a tia que a acompanhava, a criança relatou que o tio a estuprava desde os 6 anos. Ela disse que não havia contado aos familiares porque tinha medo, pois ele a ameaçava.
*Com informações do Estadão Conteúdo