Astrônomos estudam detalhes de supernova rica em cálcio pela primeira vez

Explosões estelares do tipo são raras e dão origem a boa parte do mineral presente no Universo — e que compõe nosso corpo

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A maior parte do cálcio no Universo, incluindo o que está em nossos dentes e ossos, tem como origem os últimos momentos de vida de estrelas espalhadas pelo espaço. Chamadas de supernovas ricas em cálcio, elas são muito raras e pouquíssimo se sabe sobre como surgem e se comportam ao longo da vida.

Agora, uma equipe liderada por especialistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, investigou pela primeira vez uma dessas supernovas, a SN 2019ehk. Segundo o artigo, publicado no The Astrophysical Journal nesta quarta-feira (5), imagens de raios-X proporcionaram uma visão sem precedentes da estrela durante o último mês de sua vida e sua explosão final.

Segundo o estudo, as supernovas ricas em cálcio são estrelas compactas que lançam uma camada externa de gás durante os estágios finais de sua vida. Quando explodem, sua matéria colide com o material solto naquela concha externa, emitindo raios-X brilhantes. A explosão leva a um aumento de temperatura e pressão, provocando uma reação química que produz cálcio.

“Esses eventos são tão poucos que nunca soubemos o que produzia uma supernova rica em cálcio”, afirmou Wynn Jacobson-Galan, principal autor do estudo, em comunicado. “Observando o que esta estrela fez em seu último mês antes de atingir seu fim crítico e tumultuado, espiamos um lugar inexplorado, abrindo novas vias de estudo na ciência transitória.”

Régis Cartier, astrônomo que também participou do estudo, explicou em declaração que a maioria das estrelas massivas cria pequenas quantidades de cálcio durante sua vida útil, mas eventos como o SN 2019ehk parecem ser responsáveis por gerar muito mais da substância. “No processo de explosão, dispersam [cálcio] pelo espaço interestelar nas galáxias“, afirmou o especialista. “No fim das contas, esse cálcio faz parte da formação de sistemas planetários e, no caso da Terra, dos nossos corpos.”

Segundo cientistas, explosões estelares do tipo originam metade do cálcio presente no Espaço — inclusive o que está em nossos dentes e ossos (Foto: CTIO/SOAR/NOIRLab/NSF/AURA/Northwestern University/C. Kilpatrick/University of California Santa Cruz/NASA-ESA Hubble Space Telescope)

Colaboração global
O astrônomo amador Joel Shepherd viu pela primeira vez a explosão brilhante em abril de 2019 enquanto usava seu novo telescópio para observar a Messier 100 (M100), uma galáxia espiral localizada a 55 milhões de anos-luz da Terra. Depois de ver um ponto laranja brilhante aparecer no quadro, ele imediatamente relatou a descoberta à comunidade astronômica.

“Assim que o mundo soube que havia uma supernova em potencial no M100, uma colaboração global foi iniciada”, disse Jacobson-Galan. Cerca de 70 astrônomos de 15 países diferentes começaram a estudar o fenômeno com seus respectivos telescópios.

Segundo os cientistas, embora o Telescópio Espacial Hubble esteja observando o M100 nos últimos 25 anos, o dispositivo não localizou a SN 2019ehk. Ainda assim, os pesquisadores puderam utilizar as imagens do Hubble para analisar como era aquela reigão do Universo antes da explosão da supernova.

A equipe especula que a estrela provavelmente era uma anã branca ou uma estrela pouco massiva — ambas seriam muito difícieis de detectar. “Sem essa explosão, não saberíamos que alguma coisa estava lá”, acrescentou Raffaella Margutti, coautora da pesquisa, em declaração. “Nem o Hubble conseguiu vê-la.”

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Fonte revistagalileu
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