Ibovespa fecha no vermelho com tombo recorde no PIB dos EUA; dólar cai a R$ 5,15

Benchmark brasileiro acompanhou os índices de referência em Wall Street, que caíram diante do PIB de -32,9% da economia americana no segundo trimestre

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (30), um dia depois de encerrar o pregão acima dos 105 mil pontos pela primeira vez desde o início de março. O desempenho da Bolsa hoje seguiu o que aconteceu em Wall Street, depois da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao segundo trimestre deste ano, que desabou 32,9%.

Foi a queda trimestral anualizada mais brusca da atividade da maior economia do mundo em pelo menos 70 anos, uma vez que não havia divulgação trimestral do PIB durante a Grande Depressão da década de 1930. Contudo, vale destacar, a queda do PIB esperada era ainda maior, acima de 34%.

Mais cedo, a Alemanha já havia divulgado uma retração de 10,1% na sua economia no segundo trimestre, maior do que a esperada pelos especialistas.

No Brasil, continuou a fazer preço a temporada de resultados, que teve Vale, Bradesco, Ambev, Usiminas, Pão de Açúcar, TIM, Localiza, Ecorodovias, Cesp, Duratex, entre outras. Para ler mais destaques de ações clique aqui.

No fim do dia, o Ibovespa fechou em queda de 0,56%, aos 105.008 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 29,034 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,26%, a R$ 5,1564 na compra e R$ 5,1591 na venda. Já o dólar futuro para agosto tinha leve baixa de 0,31%, a R$ 5,155, no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 terminou o dia com perda de 11 pontos-base, a 2,63%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de 16 pontos-base, a 3,64%, e o DI para janeiro de 2025 recuou 20 pontos-base, a 5,20%.

O câmbio e os DIs mudaram de sentido depois que o presidente americano, Donald Trump, sugeriu o adiamento das eleições presidenciais do país em razão da pandemia. De acordo com ele, a votação por correio ameaça provocar fraudes no processo.

Vale lembrar que o presidente sozinho não pode adiar as eleições, sendo necessária a autorização do Congresso. Tanto Democratas quanto colegas de Trump no Partido Republicano que possuem mandato no Legislativo rechaçaram a ideia.

Críticos do presidente disseram que a ideia foi lançada hoje como cortina de fumaça para distrair o noticiário das notícias negativas sobre a economia do país. Apesar disso, o dólar perdeu força globalmente diante de mais este componente de incerteza.

Ontem, o Federal Reserve manteve as taxas de juros dos EUA entre 0% e 0,25% ao ano e o presidente da instituição, Jerome Powell, disse que a autoridade monetária irá utilizar de todas as suas ferramentas para garantir a recuperação da economia.

Embora o Fed tenha garantido a liquidez, há uma grande expectativa em relação à divulgação do resultado das empresas do setor de tecnologia. De acordo com Yang, esse setor é crítico para o sentimento de mercado. Apple, Amazon e Alphabet divulgam seus resultados nesta quinta-feira.

E segue no radar dos investidores as preocupações com o avanço dos casos de Covid-19. Já são mais de 17 milhões de pessoas contaminadas no mundo e 670 mil. Países da Europa registram o aumento de casos. É também motivo de preocupação o grande número de infectados nos Estados Unidos e Brasil.

Radar corporativo

A Vale registrou um lucro líquido de US$ 995 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo um prejuízo de US$ 133 milhões em igual período de 2019.

O Ebitda ajustado proforma, excluindo US$ 130 milhões de despesas relacionadas a Brumadinho e US$ 85 milhões de doações relacionadas à Covid-19, totalizou US$ 3,586 bilhões, recuo de 22,5% no comparativo anual. Já o Ebitda ajustado foi de US$ 3,371 bilhões, alta de 8,8%.

A mineradora calcula ainda que os gastos para lidar com a pandemia da Covid-19 totalizaram US$ 112 milhões no primeiro semestre, incluindo doações.

A margem Ebitda, que é a relação percentual entre a receita líquida e a geração operacional de caixa, passou de 34% no segundo trimestre de 2019 para 45% ao final de junho de 2020.

Já o Bradesco registrou um lucro líquido recorrente de R$ 3,873 bilhões no segundo trimestre, queda de 40,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O lucro contábil foi de R$ 3,506 bilhões, recuo de 42,0%.

Essa queda foi causada, principalmente, pelo aumento das despesas com provisões para perdas no crédito (PDD), que subiram 154,9% na comparação com o segundo trimestre do ano anterior, ficando em R$ 8,890 bilhões.

A carteira de crédito expandida cresceu 0,9% no trimestre e 14,9% em 12 meses, chegando a R$ 661,1 bilhões ao final de junho. A inadimplência (atrasos acima de 90 dias) caiu para 3,0%, ante 3,7% no primeiro trimestre e 3,2% no segundo trimestre de 2019.

Também foi pior o resultado apresentado pela Tim. O lucro líquido ajustado da empresa caiu 24%, para R$ 260 milhões. O Ebitda ficou praticamente estável, em R$ 1,98 bilhão.

A companhia apresentou uma proposta de reorganização societária. O plano envolve a incorporação da empresa controladora TIM Participações pela subsidiária integral TIM SA, com listagem desta no segmento Novo Mercado da B3.

Maiores altas

ATIVO VARIAÇÃO % VALOR (R$)
RENT3 10.84979 49.96
CSAN3 4.81856 88.1
YDUQ3 4.80884 35.09
RADL3 3.87231 125.27
MGLU3 3.83992 83.29

Maiores baixas

ATIVO VARIAÇÃO % VALOR (R$)
PCAR3 -6.26907 73.71
ABEV3 -3.9604 14.55
BBDC4 -3.50371 23.41
BBAS3 -3.19889 34.8
BRFS3 -3.01921 21.2

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) registrou um lucro líquido de R$ 333 milhões no segundo trimestre do ano, uma queda de 20,3% na comparação anual. Esse recuo ocorreu mesmo com o aumento das vendas ocorrido em meio à pandemia da Covid-19. A companhia é dona das bandeiras Pão de Açúcar, Assaí e Extra.

Desconsiderando as vendas da Via Varejo, na qual o GPA vendeu sua participação em meados do ano passado, o lucro foi de R$ 274 milhões, ante R$ 65 milhões no segundo trimestre de 2019.

O Ebitda cresceu 83,2%, para R$ 1,54 bilhão e a margem Ebitda ajustada passou de 6,6% para 7,6%. As despesas, no entanto, também tiveram forte elevação.

Saindo da temporada de balanços, o Grupo de Moda Soma levantou R$ 1,823 bilhão em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Desse total, R$ 1,35 bilhão vai para o caixa da empresa.

O valor da ação foi fixado em R$ 9,90, no centro da faixa indicativa de preço que ia de R$ 8,80 a R$ 11. Os papéis começam a ser negociados na B3 na sexta-feira.

A Soma é dona de marcas como Animale e Fábula.

Desoneração em troca de imposto

O Ministério da Economia estuda propor uma desoneração de até 25% na folha de pagamentos, atingindo todas as faixas salarias, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”. A proposta anterior era fazer a desoneração apenas sobre os rendimentos de até um salário mínimo.

Essa alteração, no entanto, está atrelada à criação de um novo imposto, aos moldes da antiga CPMF, que irá incidir sobre pagamentos. Esse novo imposto teria uma alíquota de 0,2% e poderia arrecadar R$ 120 bilhões ao ano.

Leilão 5G

As mudanças tributárias propostas pelo governo vão encarecer os serviços de telecomunicações e devem adiar os investimentos na tecnologia 5G no país, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.

Segundo a reportagem, o presidente da SindiTelebrasil, Marcos Ferrari, afirmou que a alíquota de 12% proposta com a unificação do PIS e Cofins é elevada e por isso irá propor uma alíquota diferenciada para o setor.

O SindiTelebrasil calcula que a alíquota de 12% eleva em 2,7 pontos percentuais a carga média das empresas de telecomunicações com tributos indiretos, que era de 46,7% em 2019. Cálculos preliminares indicam que a alíquota neutra para o setor seria de 6% a 7%.

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Fonte infomoney
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