Os 4 piores momentos dos CEOs da Amazon, Apple, Facebook e Google no Congresso dos EUA
Nesta quarta-feira (29), durante cerca de cinco horas, os chefes executivos de quatro das maiores empresas de tecnologia do mundo testemunharam ao Congresso dos Estados Unidos, em uma audiência formal que, pela importância, foi considerada a “audiência do ano” para o setor.
Conectados simultaneamente por video-chamada, Jeff Bezos, da Amazon, Tim Cook, da Apple, Mark Zuckerberg, do Facebook, e Sundar Pichai, do Google, tiveram que responder às duras perguntas de congressistas sobre uma variedade de assuntos, com o objetivo último de expor se essas empresas usam seu tamanho e poder para sufocar a concorrência e estabelecer monopólios passíveis de serem desmembrados pelas autoridades reguladoras americanas.
O site Business Insider ouviu especialistas de Wall Street que acompanham o setor de tecnologia, e elencaram momentos-chave da audiência em que os chefes executivos foram alvos de perguntas especialmente difíceis, que expuseram práticas questionáveis dessas empresas.
1 – Amazon
Jeff Bezos foi duramente bombardeado por uma série de perguntas que questionavam supostas práticas anti-competitivas da Amazon, como a venda de dispositivos eletrônicos abaixo do custo de produção, e o uso de seu poder para engolir concorrentes e ampliar sua consolidação de mercado. Mas o momento mais tenso para Bezos foi quando o chefe executivo da Amazon foi questionado sobre uma reportagem do Wall Street Journal, que investigou denúncias de que a empresa de Bezos usaria secretamente os dados obtidos de vendedores parceiros para beneficiar a própria estratégia de negócios.
Uma cláusula da Amazon garante a esses vendedores que seus dados são secretos, mas a reportagem do Wall Street Journal aponta para brechas nesse sigilo. Questionado sobre esses acessos, Bezos admitiu a possibilidade de a empresa ter revisado dados secretos de vendedores parceiros, e que uma investigação estava em curso para avaliar a extensão do “vazamento”.
2 – Apple
Tim Cook, chefe executivo da Apple, assim como os outros, foi questionado sobre se a empresa achava “aceitável” a relação com fornecedores que utilizam mão de obra escrava, e Cook respondeu enfaticamente que não, que caso soubesse de alguma denúncia nesse sentido, romperia relações com o acusado.
Mas, segundo os analistas ouvidos pelo Business Insider, o momento mais difícil para Cook teria sido em perguntas sobre práticas supostamente abusivas dentro do ecossistema da App Store, a loja de aplicativos da Apple para os dispositivos da empresa, como o iPhone e o iPad. O chefe da Apple foi colocado contra a parede quando o assunto foi a taxa de até 30% que a empresa cobra de seus desenvolvedores em algumas situações, como em pagamentos que ocorram dentro dos aplicativos, via o sistema Apple Pay. Ainda assim, Cook defendeu as regras da loja de apps da Apple e suas regras, que segundo o executivo, são “rigorosas e iguais para todos os desenvolvedores”.
3 – Facebook
No caso de Mark Zuckerberg, do Facebook, as perguntas mais duras recaíram sobre a forma como a empresa historicamente tratou seus concorrentes, abordando-os com propostas de aquisição agressivas, ou em caso negativo, copiando as características de seus produtos, como ocorreu com o Snapchat e mais recentemente, o TikTok.
Foram levantados documentos que mostram trocas de mensagens entre Zuckerberg e o então líder do Instagram, Kevin Systrom, que mostram um Zuckerberg “agressivo” quanto à possibilidade de as empresas competirem no futuro, com um app de fotos próprio do Facebook, caso o Instagram não topasse um acordo de aquisição.
Também foi citado um documento onde Zuckerberg elogiava a prática de “clonar” funções de aplicativos concorrentes. O chefe do Facebook se esquivou dessas últimas acusações, dizendo que não se tratavam exatamente de cópias, mas da implementação de funcionalidades de interesse público, e que no caso do Instagram, tudo ocorreu no contexto de práticas regulares de negociação.
4 – Google
Sundar Pichai, chefe executivo da Alphabet, dono da Google, foi alvo especialmente de congressistas conservadores, que levantaram suspeitas de que o Google poderia estar manipulando seus algoritmos manualmente, para criar limitações de acesso a conteúdos de sites de notícias de direita, e apoiadores do presidente Donald Trump. A essa acusação, Pichai deixou claro que esse tipo de manipulação manual de algoritmos não existe, o que há são limitações impostas por pedidos judiciais contra sites específicos que façam a disseminação de conteúdo falso, malicioso, extremista, ou perigoso de alguma forma.
Depois dos testemunhos dos CEOs, as investigações do Congresso continuam, mas segundo analistas ouvidos pelo Business Insider, com a aproximação das eleições dos Estados Unidos, é pouco provável que qualquer ação concreta seja tomada no sentido de desmembrar as empresas. Pelo menos por enquanto.