“Quem deve pedir perdão?”, pergunta para a Globo o líder do PT na Câmara

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O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PR), em artigo especial, pergunta à queima-roupa para a Rede Globo quem realmente deve pedir perdão aos brasileiros.

O texto do parlamentar petista é uma reação à colunista de O Globo, na semana passada, que disse ser hora de a burguesia perdoar o PT, mas não os dirigentes petistas.

Para Enio, a casa-grande tenta uma “saída por cima” com seu típico autoritarismo utilizando para sua sentença um dos seus veículos de comunicação –a Globo– que mais ferozmente inoculou ódio na opinião pública e perseguiu implacavelmente a esquerda e o PT.

“Enquanto a classe dominante não fizer uma profunda e histórica autocrítica, com um claro e sonoro pedido de desculpas, a justiça nunca se realizará e ela se valerá, sempre, das esquivantes saídas por cima, com as quais se safa de contribuir para reduzir a dívida histórica”, afirma o líder petista.

Leia a íntegra do artigo:

Quem deve pedir perdão?

Enio Verri*

Uma das mais fortes características da classe dominante brasileira é a sua covardia. Haja vista os 400 anos de escravidão e os 21 anos de ditadura civil-militar, atrás dos quais se escudou para criar uma aparentemente indestrutível estrutura de privilégios sobre a miséria de um dos mais desiguais países do mundo. Em todos os momentos da história, uma gente que não tem o mínimo estofo para ser elite de coisa alguma, criou uma maneira peculiar para tratar de uma crise. Quando, diante de um impasse cujo obrigatório posicionamento gere desconforto, ela soluciona a questão com a clássica saída por cima. É um modo de não se ver cobrada de suas responsabilidades. Assim como faz, agora, usando sua dominante narrativa, não por qualidade argumentativa, mas por ser a dona da imprensa comercial.

Por meio de um contorcionismo linguístico e sem um pingo de vergonha, a classe dominante diz, do alto de sua autoridade, que é hora de perdoar o Partido dos Trabalhadores. Com o típico autoritarismo da casa-grande, ela utiliza para sua sentença um dos seus veículos de comunicação que mais ferozmente inoculou ódio na opinião pública e perseguiu implacavelmente a esquerda e o PT. A saída por cima tem método. Um deles é não fazer uma autocrítica e fingir que nada aconteceu. Foi dessa maneira que o Brasil varreu para debaixo do tapete, entre outros fatos históricos, escravidão, Guerra do Paraguai, Canudos, ditadura, entre outros. O encontro do Brasil com esse passivo histórico é inevitável. Esquivar-se do acerto de contas não as apagarão, pelo contrário, vai apenas reforçar as injustiças, que não param de se multiplicar.

O perdão a que se refere a arrogância da classe dominante deve ser pelo PT ter demonstrado, para o horror da casa-grande, que há professores, cientistas, artistas, políticos, empresários, atletas, na senzala, mantidos convenientemente invisíveis por quem, durante cinco séculos, dominou os destinos econômicos e políticos da nação. A grande referência política e intelectual desse pequeno nicho social foi presidente do Brasil, entre 1995 a 2003, quando o deixou com US$ 37 bilhões de reservas cambiais e R$ 1,5 trilhão de PIB. Talvez, os donos do veículo de comunicação que teve a magnânima condescendência com o PT queiram sugerir à sociedade perdoá-lo porque, quando golpeado, em 2016, deixou o Brasil com US$ 380 bilhões de reservas internacionais e um PIB de R$ 5,5 trilhões.

A abnegação da classe dominante por este País só encontra paralelo na quimera, onde os líderes vivem paras seus liderados. Exemplo dignificante para a história do País foi dado pelos despojados senhores de escravos, acossados pelo processo do fim da escravidão. Ofereceram a liberdade aos seres humanos que usavam como ferramentas, desde que eles combatessem na Guerra do Paraguai. Caso voltassem do maior genocídio da história do Brasil, teriam a alforria. Estariam livres, como todos os outros, sem ter e nem saber para onde irem. Entre os perdões que o PT deve pedir, a classe dominante poderia incluir o fato de ele ter levado água perene para mais de 12 milhões de pessoas, com uma obra pensada, inicialmente, durante uma monarquia relativamente progressista, golpeada por um consórcio entre a oligarquia rural e o Exército Brasileiro.

O inevitável, necessário e purgativo encontro com a história requer mais que esse idílico e pueril altruísmo da classe dominante. Vai exigir coragem para enfrentar a verdade de que ela apoiou, quando não financiou, uma operação que se revela uma farsa, cujos objetivos foram solapar a soberania e, em segundo plano, perseguir e exterminar as forças progressistas do País. Não apenas o PT, mas o Brasil, aguarda um pedido de desculpas pela prisão de um homem condenado por ato de ofício indeterminado e convicções de uma operação do Ministério Público Federal, que se revela um escritório despachante dos interesses dos EUA, subordinado ao FBI. Enquanto a classe dominante não fizer uma profunda e histórica autocrítica, com um claro e sonoro pedido de desculpas, a justiça nunca se realizará e ela se valerá, sempre, das esquivantes saídas por cima, com as quais se safa de contribuir para reduzir a dívida histórica.

*Enio Verri é economista e professor aposentado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal e líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.

 

Revolução Francesa, a Tomada da Bastilha, ocorria há 231 anos

Em 14 de julho de 1789, a Queda da Bastilha foi um evento central da Revolução Francesa cujo lema era ‘igualdade, fraternidade e igualdade’ influenciou o mundo inteiro. Hoje faz 231 anos.

A Tomada da Bastilha é considerada a passagem do “Antigo Regime” –baseado na monarquia absolutista– que era divido entre as classes nobreza, clero e povo (incluindo a burguesia, que tomou o poder).

O estopim para a Revolução Francesa foram a crise financeira, divisão social com privilégio para alguns, isenções de impostos para poucos e taxação para muitos, depressão econômica, fome, banditismo da realeza.

Com ideal iluminista e liberal, foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que define os direitos individuais e coletivos dos homens (tomada, teoricamente, a palavra na acepção de “seres humanos”) como universais.

Embora com objetivos distintos, os marxistas liderados por Vladimir Lenin se inspiraram nos franceses para fazer a Revolução Socialista Russa em 1917.

No período do Terror, entre 1793 e 1795, constataram-se 15 mil mortes na guilhotina.

Na época dos Jacobinos, a ala mais radical da Revolução Francesa, não titubeava em guilhotinar [cortar o pescoço] daqueles que se opunham aos objetivos da Queda da Bastilha.

Até Maximilien de Robespierre, o presidente da Convenção Nacional, acabou sendo guilhotinado por seus pares. Foi Robespierre quem mandou o rei Luís XVI para a guilhotina.

Qualquer semelhança com o atual quadro político brasileiro é mera semelhança.

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Fonte esmaelmorais
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