Merkel inicia presidência da UE com advertência sobre o Brexit

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A Alemanha iniciou sua presidência rotativa da União Europeia (UE) diante de desafios históricos, nesta quarta-feira (1o), com uma advertência de Angela Merkel sobre o Brexit e sobre o risco real de um “não acordo”, uma situação que enfraqueceria ainda mais uma economia afundada pelo coronavírus.

“Continuarei defendendo uma boa solução, mas nós, na UE, devemos nos preparar, caso não se conclua um acordo”, declarou a chanceler, diante dos deputados da Bundestag.

Reino Unido e UE iniciaram na segunda-feira (29) cinco semanas de intensas conversas sobre seu relacionamento pós-Brexit, com a vontade comum de avançar para evitar um “no deal” (“não acordo”) potencialmente desastroso no final do ano. O Reino Unido deixou o bloco em 31 de janeiro, mas continuará aplicando as regras europeias até 31 de dezembro.

– “Situação extraordinária” –

Se um acordo não for alcançado até então, as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), com suas altas tarifas e controles alfandegários, serão aplicadas às relações comerciais entre os dois parceiros.

O Reino Unido terá de “assumir as consequências” de uma relação econômica menos estreita com a UE ao final do processo do Brexit, já havia alertado Merkel no sábado.

O Brexit será um dos grandes temas desta presidência de seis meses, juntamente com a difícil negociação de um plano de estímulo para a economia europeia após a crise do coronavírus.

“Em uma situação extraordinária, precisamos de soluções especiais para que a Europa possa sair mais forte dessa crise extraordinária”, insistiu a chanceler, nesta quarta-feira.

No poder de forma ininterrupta há 15 anos, um recorde para um dirigente na Europa, a chanceler tem uma oportunidade única de fazer história e de apagar a imagem ruim deixada por sua ortodoxia orçamentária durante a crise da Grécia de 2011.

O começo da presidência foi marcado simbolicamente na terça à noite, com a projeção no mítico Portão de Brandeburgo de Berlim, do slogan “Todos juntos para relançar a Europa”. A frase apareceu inscrita em vários idiomas.

 

A presidência alemã começará com uma cúpula de líderes europeus em 17 e 18 de julho em Bruxelas, decisiva para o futuro da Europa.

Os 27 vão tentar alcançar um acordo sobre o projeto de pacote de estímulo de 750 bilhões de euros (US$ 840 bilhões) contra o novo coronavírus – pela primeira vez, com fundos emprestados em comum pela União Europeia.

Para isso, Merkel aceitou quebrar um tabu político na Alemanha.

– Vontade de acordo com a China –

Angela Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, pressionaram seus parceiros na segunda-feira para que se chegue a um acordo em julho, antes das férias do verão europeu.

“Devo dizer que as posições dos Estados-membros ainda estão muito distantes umas das outras”, reconheceu a líder alemã.

Para chegar a um acordo, eles terão de superar a relutância dos quatro países chamados “frugais”, ou seja, os defensores da ortodoxia orçamentária. Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca mantêm reservas ao projeto, que deve beneficiar os países do sul, os mais afetados pela pandemia de COVID-19.

A Alemanha também deverá lidar com partidários de um renascimento verde na Europa, particularmente fortes após o avanço dos ambientalistas na França, nas últimas eleições locais.

Nesta quarta, ativistas ambientais se concentraram em Berlim, em frente à Chancelaria, com sacolas com notas falsas para exigir que as ajudas financeiras sejam usadas para “um futuro justo e verde”.

Outro tema espinhoso são as relações com a China, acusada de querer restringir as liberdades em Hong Kong, após impor uma nova lei de segurança ao território semiautônomo.

A Alemanha se encontra na berlinda por seu desejo de avançar em um acordo de investimentos UE-China. Este objetivo foi lembrado hoje por seu ministro da Economia, Peter Altmaier.

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Fonte istoe
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