Estudo relaciona consumo de selênio com taxa de recuperação da Covid-19
Pesquisadores indicam que regiões chinesas cuja população tenha um bom nível do elemento no organismo apresentaram mais pacientes recuperados
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Surrey, na Inglaterra, identificou uma ligação entre a taxa de recuperação do Covid-19 e o consumo regional de selênio na China. O estudo foi publicado no American Journal of Clinical Nutrition.
Essencial para a saúde humana, o elemento químico pode ser obtido através da dieta (pela ingestão de peixe, carne e cereais) e já demonstrou ser importante no combate ou progressão de várias doenças. Um exemplo claro disso pode ser observado em pacientes com HIV: a falta de selênio mostrou ser um fator importante na progressão do vírus e de sua doença.
A China possui populações com os níveis mais baixos e mais altos de selênio do mundo. Isso porque as diferenças geográficas do solo afetam a quantidade do elemento que estará presente na dieta da população. Cientes disso, pesquisadores liderados por Margaret Rayman, professora de medicina da Universidade de Surrey, se propuseram a investigar a relação entre os níveis de selênio de uma população e o número de casos recuperados de Covid-19.
Examinando dados de províncias com mais de 200 casos e cidades com mais de 40 casos, os cientistas descobriram que áreas com altos níveis de selênio eram mais propensas a apresentarem mais pacientes que haviam melhorado seu quadro.
Na cidade de Enshi, pertencente à província de Hubei, onde é registrada a maior ingestão de selênio na China, a taxa de recuperação dos pacientes era quase três vezes maior do que a média para todas as outras cidades. Por outro lado, na província de Heilongjiang, onde a ingestão de selênio é uma das mais baixas do mundo, a taxa de mortalidade por Covid-19 foi quase cinco vezes mais alta que a média de todas as outras províncias.
Mais estudos são necessários
Ramy Saad, médico do Royal Sussex County Hospital, no Reino Unido, disse que a correlação é convincente, tendo em vista pesquisas anteriores sobre selênio e doenças infecciosas. “Uma avaliação cuidadosa e completa do papel que o selênio pode desempenhar na Covid-19 certamente é justificada e pode ajudar a orientar as decisões de saúde pública em andamento”, concluiu.
Ainda assim, a médica estatística Kate Bennett pondera: “Existe uma ligação significativa entre o status de selênio e a taxa de recuperação da Covid-19, no entanto, é importante não exagerar essa descoberta; não conseguimos trabalhar com dados de nível individual e não conseguimos levar em conta outros fatores possíveis, como como a idade [dos pacientes] e [a existência de] doenças subjacentes.”