Vacina contra o coronavírus inicia testes na Inglaterra até o final do mês
Tudo o que o mundo mais pede neste momento é uma vacina ou medicamento realmente eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). E, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilize atualmente 70 vacinas atualmente em desenvolvimento, uma em especial pode estar mais próxima, com testes prontos para começarem nas próximas semanas — e, se tudo der certo, o uso em uma escala maior, mas ainda para uma parcela limitada da população, pode estar disponível em setembro.
A solução vem de uma parceria entre a empresa italiana Advent-IRBM, de Pomezia, que fica em Roma, na Itália, e o Instituto Jenner da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Os dois grupos anunciaram que os testes humanos estão em estágio avançado e devem ser realizados em 550 voluntários saudáveis no final de abril, entre os britânicos.
“Decidimos passar diretamente à fase de testes clínicos no ser humano, na Inglaterra, considerando que, por parte da IRBM e da Universidade e Oxford, a não-toxicidade e a eficácia da vacina têm base em resultados de laboratório”, acrescentou. Uma outra empresa romana, a Takis Biotech, também vem conduzindo estudos pré-clínicos em ratos de cinco candidatas a vacina feitas a partir da proteína espinhosa do vírus, usada pelo patógeno para “grudar” nas células e se multiplicar.
The Jenner Institute, Oxford University, and Advent srl, an IRBM company, are working on the #coronavirus vaccine. The first 1000 doses are going to be produced in Pomezia facility, where Tecninox installed a pass box a few years ago. Check out the TG1 service. pic.twitter.com/q3HkxxMUmh
— Tecninox srl (@Tecninoxsrl) February 14, 2020
O próximo passo agora é aguardar por testes conclusivos até a primeira quinzena de maio e começar o estudo em humanos no segundo semestre. Enquanto isso, a IRBM vem negociando com um “pool de investidores internacionais e vários governos interessados em acelerar o desenvolvimento e a produção industrial da vacina”, segundo o CEO Piero di Lorenzo.
“Queremos tornar a vacina utilizável já em setembro, para imunizar operadores sanitários e as forças de ordem em uma modalidade de uso compassivo [antes da licença comercial]”, complementa o executivo. Ou seja, embora só deva chegar à grande parte da população possivelmente no início do próximo ano, profissionais de saúde e da segurança pública poderão ter acesso a essa vacina, caso ela realmente funcione.
OMS contabiliza 70 vacinas atualmente em desenvolvimento
De acordo com OMS, atualmente existem 70 vacinas contra o coronavírus em desenvolvimento em todo o mundo, com três candidatas já sendo testados em testes em seres humanos. A mais avançada no processo clínico é uma solução experimental desenvolvida pela CanSino Biologics, de Hong Kong, e pelo Instituto de Biotecnologia de Pequim, que está na “Fase 2” — lembrando que, antes da fabricação e do controle de qualidade, é preciso passar pelo estágio exploratório e pré-clínico, que são a “Fase 1” e “Fase 2”; e, em seguida, o desenvolvimento clínico e a aprovação e revisão regulamentares, a “Fase 3” e “Fase 4”.
A CanSino informou no mês passado que recebeu a aprovação regulatória chinesa para iniciar testes em humanos. A Moderna, com sede em Cambridge, Massachusetts, recebeu aprovação regulatória para avançar rapidamente para testes em humanos em março, pulando os anos de experiências em animais — que são a norma no desenvolvimento de vacinas. Já a Inovio iniciou análises em pessoas na semana passada.
Outras vacinas sendo testadas em seres humanos atualmente vêm de tratamentos desenvolvidos separadamente por fabricantes de medicamentos, a exemplo da Pfizer e da francesa Sanofi, segundo a documentação da OMS. Vale destacar que mais pesquisas nos Estados Unidos, em Israel e na Austrália também estão em níveis avançados — e bastante promissores.
O progresso no setor de desenvolvimento de vacinas vem ocorrendo em uma velocidade sem precedentes, principalmente porque, diferente de outras pandemias, o novo coronavírus não parecem ser eliminado com as medidas de contenção usadas em crises anteriores. Com isso, a indústria farmacêutica espera reduzir bastante o tempo necessário para levar uma vacina ao mercado — o que geralmente levava de 10 a 15 anos para ficar pronto poderá chegar ao mercado em um ano.
Fonte: Il Messaggero, Time