“Casas de câmbio não aguentam mais 15 dias”, diz associação de classe
Volume de negociação do dólar turismo despenca 95% e setor clama por ajuda do governo
Fronteiras fechadas, milhares de mortos e aeroportos vazios. O cenário, digno de um pesadelo, tem tirado o sono das mais de 30 mil pessoas que vivem da venda e compra de moedas estrangeiras no Brasil. De portas fechadas e sem perspectiva de quando as viagens irão se normalizar, corretoras e casas de câmbio atravessam uma crise sem precedentes
Em março, quando as medidas para conter a proliferação do coronavírus se enrijeceram, o volume de negociação do dólar turismo despencou 95%, de acordo com dados preliminares da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam). A queda nas operações de importação e exportação intermediadas por corretoras de câmbio deve ser da ordem de 35%. “O segmento não aguenta mais 15 dias parado”, afirmou Kelly Massaro, presidente executiva da Abracam.
Além da menor demanda, que tem afetado a grande maioria das empresas brasileiras, um agravante adiciona ainda mais incerteza ao futuro do setor: a impossibilidade de contrair empréstimos.
Para Massaro, o acesso a linhas de crédito é essencial para a sobrevivência das casas e corretoras de câmbio. “Por mais que o governo libere empréstimos, o Banco Central veta as corretoras de deter crédito de instituições financeiras.”
De acordo com ela, a Abracam vem trabalhando junto ao Banco Central e ao ministério da Economia para flexibilizar essa e algumas outras regras, como redução de alíquotas tributárias sobre operações de câmbio e maior prazo para renegociar eventuais dívidas. “O pilar de sustentação é a isonomia”, disse Massaro.