Epidemia obriga o País a olhar para a fome e a miséria
Governantes reconhecem a urgência, diante do alastramento do coronavírus, de levar alguma ajuda à imensa periferia econômica desta nação
Pessoas vão passar fome. Em breve. Esse efeito colateral da quarentena imposta pelo coronavírus será igualmente epidêmico. Somos um país em que desigualdades se alastram como doenças contagiosas. O Brasil está doente, e faz tempo. Infelizmente, vai piorar.
Se algum benefício imediato da pandemia puder ser anotado em nosso prontuário, será o de expor a fratura do nosso esqueleto social, corroído pela concentração de renda e suas sequelas.
Índices tóxicos de desemprego, 40 milhões de brasileiros colocados na mais insalubre informalidade. Metade da população nem sequer tem acesso a saneamento básico, quanto mais pode se dar ao luxo do prosaico ato de lavar as mãos com água limpa.
Alguns governantes se anteciparam e, mostrando o mínimo de sensibilidade diante da tragédia sem precedentes que se avizinha, sabem que será necessário – com extrema urgência – levar alguma ajuda à imensa periferia econômica desta nação.
Seremos obrigados a divulgar um diagnóstico definitivo quando o pior já tiver passado: O Brasil segue debilitado, na UTI. Mas a consciência desse estado preocupante, que exige cuidados extremos, talvez nos obrigue a ir dessa para melhor – o que não será difícil, diante do estado de calamidade pública que finalmente será decretado.