Bolsonaro, Michelle e ministros são monitorados após confirmação de coronavírus no Planalto
Exame detectou infecção de Fabio Wajngarten, secretário que fez piada com possível contágio. Ele esteve em encontro com Donald Trump no dia 7
O presidente Jair Bolsonaro está tendo sua saúde monitorada pela equipe médica do Palácio do Planalto em decorrência da pandemia do coronavírus. O mandatário não apresentou sinais da doença até o início da tarde desta quinta-feira. Bolsonaro passou a ser monitorado desde que um um exame confirmou a contaminação de um de seus assessores mais próximos, o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten. Ele estava na comitiva presidencial que viajou aos Estados Unidos entre os dias 7 e 10 de março. O secretário fez o teste no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Bolsonaro e Wajngarten participaram de um encontro com o presidente Donald Trump, em um resort dele em Mar-a-Lago, na Flórida. Em uma das imagens registradas pelo fotógrafo oficial da Presidência brasileira, Alan Santos, é possível ver Wajngarten atrás de Trump. Em nota, o Planalto afirmou que “já comunicou às autoridades do governo norte-americano a ocorrência do evento para que elas também adotem as medidas cautelares necessárias”. Conforme a agência Reuters, Trump disse não estar preocupado com essa notificação.
Entre as medidas preventivas do presidente está a redução de viagens que ele fará nos próximos dias, assim como evitar aglomerações. Nesta quinta-feira, Bolsonaro já cancelou a viagem que faria a Mossoró, no Rio Grande do Norte, e foi orientado a interagir menos com seus apoiadores que ficam na frente do Palácio da Alvorada, onde está a residência oficial.
Antes mesmo do resultado do exame de Wajngarten, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, havia dito em um evento no Rio de Janeiro que o presidente deveria ser monitorado. “Se der positivo, e como o presidente estava no mesmo avião, ele será monitorado como uma pessoa normal”, disse Mandetta à agência de notícias Reuters. “Todo mundo pode pegar, não tem ninguém imune”.
Na comitiva presidencial que visitou os Estados Unidos estavam a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Fernando Azevedo (Defesa) e Ernesto Araújo, além do secretário especial da pesca Jorge Seif Jr, do senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e do deputado federal e herdeiro do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Todos são monitorados. Até o momento, nenhum deles notificou as autoridades sanitárias sobre qualquer sintoma da doença, que é parecido com o de uma gripe. Alguns, contudo, já começaram a fazer exames por conta própria. Um deles foi o senador Trad, que aguarda o resultado do teste em sua residência em Brasília.
No mesmo documento enviado pelo Planalto, o governo informou que o secretário “está cumprindo todas as recomendações médicas, em quarentena domiciliar, e só retornará ao seu trabalho quando não houver risco de transmissão da doença”. Ele segue em São Paulo, onde tem residência.
Em que pese a banda podre da imprensa já ter falado absurdos sobre a minha religião, minha família e minha empresa, agora falam da minha saúde. Mas estou bem, não precisarei de abraços do Drauzio Varella.
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) March 11, 2020
Na quarta, quando passou a circular a informação de que estaria infectado, Wajngarten negou e fez piada do assunto para movimentar a militância bolsonarista que criticou o médico Drauzio Varella que, no programa Fantástico da TV Globo, abraçou uma presidiária transsexual condenada por assassinato de uma criança. “Em que pese a banda podre da imprensa já ter falado absurdos sobre a minha religião, minha família e minha empresa, agora falam da minha saúde. Mas estou bem, não precisarei de abraços do Drauzio Varella”.