Ibovespa tem segunda maior alta do ano seguindo exterior e resultado do Itaú; dólar renova máxima
Mercado termina a sessão com bom desempenho graças ao alívio no coronavírus, resultado do Itaú e ata do Copom
SÃO PAULO – O Ibovespa fechou com a segunda maior alta de 2020 nesta terça-feira (11), perdendo apenas para o primeiro pregão do ano, quando a Bolsa subiu 2,53%. Hoje, o principal driver foi o exterior, depois do presidente da China, Xi Jinping, afirmar que os fundamentos da economia do país são fortes e que o impacto do surto do coronavírus será limitado.
Além disso, está aumentando a chance do Banco do Povo da China fazer mais estímulos à economia, além dos bilhões de yuans que já foram injetados no sistema financeiro do gigante asiático.
Segundo Júlio Erse, gestor-chefe da Constância Investimentos, o movimento de hoje pode ser atribuído a uma correção, pois o índice EWZ, dos ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos) caiu mais que os benchmarks de outros emergentes nos últimos dias. “Os ativos de midcaps e small caps, que sofreram este mês, subiram bem hoje”, ressaltou o especialista.
Também contribuiu para o dia positivo no mercado brasileiro o resultado forte do Itaú Unibanco (ITUB4) divulgado ontem. As ações da maior instituição financeira privada do País subiram 2,3%.
O principal índice da B3 registrou alta de 2,49%, a 115.370 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial teve alta de 0,13% a R$ 4,3256 na compra e a R$ 4,3264 na venda, renovando máxima histórica de fechamento. O dólar futuro para março avança 0,09% a R$ 4,332.
Ainda no exterior, na Câmara dos Deputados dos EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a autoridade monetária que chefia está monitorando de perto a situação do coronavírus na China por potenciais impactos na economia global. Powell afirmou que ainda é cedo para auferir a extensão do impacto da doença na economia americana.
As bolsas internacionais fecharam em alta diante da desaceleração da taxa de novos casos do novo coronavírus. Contudo, os investidores seguem de olho nos efeitos da doença, que já infectou 42.638 pessoas e matou 1.016 na China continental.
O que todos querem saber atualmente é o real impacto do coronavírus sobre a economia e os mercados. Ray Dalio, bilionário fundador da Bridgewater Associates, o maior hedge fund do mundo, afirmou em conferência que as preocupações dos investidores com a pandemia “talvez tenham provocado um efeito exagerado nos preços dos ativos por causa da natureza temporária disso, então eu esperaria mais uma recuperação”.
Já os juros futuros registraram baixa nesta sessão, também repercutindo os dados de inflação, com o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (IPC-Fipe) trazendo desaceleração mais forte da inflação e Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), com variação zero em parciais.
Além disso, também ata da última reunião de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe algum impacto. O documento é referente à decisão que reduziu a taxa básica de juros de 4,5% para 4,25%.
O contrato com vencimento em janeiro de 2022 registrou queda de seis pontos-base, a 4,86%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 teve baixa de oito pontos-base, a 5,42%, seguido pela baixa de cinco pontos-base do vencimento em janeiro de 2025, a 6,08%.
A ata do Copom, divulgada hoje, destacou que o “atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”. “Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019 [cortes de juros já efetuados], o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária [redução da taxa básica]”.
Contudo, o BC também avaliou que “seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021”.
As avaliações sobre a ata foram divididas. Para a equipe de análise do Morgan Stanley, a adição do comentário sobre a possibilidade de uma ociosidade menor do que o esperado e o sinal claro de que a baixa inflação de 2020 não é vista como um problema apontam para um tom mais hawkish (a favor de apertos monetários).
A visão da Gauss é parecida, apontando que o Banco Central deve considerar ao menos duas reuniões para ver os próximos passos de política monetária. “A ata veio alinhada ao comunicado com pontos mais hawkish“, disseram os analistas.
Já a equipe da XP entendeu que com a inflação perto de 3% há grandes possibilidades de corte. “A ata deu grau de manobra caso os dados não cumpram as expectativas.”
Os analistas do Goldman Sachs interpretaram que a ata foi ligeiramente mais dovish (a favor de relaxamento monetário) do que o comunicado posterior à decisão. “Na ata, o Copom argumenta que dadas as diversas fontes de incertezas é importante interromper o ciclo de queda da Selic para poder avaliar melhor o nível de ociosidade da economia”, escreve a equipe do banco americano.
Para o Goldman Sachs, o texto da ata não é um comprometimento irrevogável de não cortar mais as taxas de juros, mas um momento de reavaliação sujeito às alterações no andamento da economia. “Se a inflação hoje favorável surpreender ou dados econômicos frustrantes forem divulgados o Copom poderá voltar a vislumbrar uma redução de juros.”
No começo da tarde, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falará e pode ser o driver mais importante da sessão: os dados de atividade econômica dos EUA têm sido fortes ultimamente e os investidores buscarão informações para confirmar as chances de redução dos juros este ano.
Noticiário corporativo
Os investidores também ficam de olho na temporada de balanços: o Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 28,4 bilhões em 2019, alta de 10%. Apenas no último trimestre do ano passado, o lucro do maior banco privado do país foi de R$ 7,3 bilhões, em linha com o esperado por analistas. Enquanto isso, Petrobras e Vale reagem a dados de produção.
A produção da Petrobras (PETR3; PETR4) no quarto trimestre de 2019 foi de 3,025 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), alta de 13,7% ante os 2,660 milhões de boed em igual período do ano anterior. Esta foi a primeira vez que a companhia superou 3 milhões de barris em um trimestre. Já a Vale registrou uma produção de minério de ferro de 78,3 milhões de toneladas no quatro trimestre, queda de 9,7% na base trimestral.
Maiores altas
ATIVO | VARIAÇÃO % | VALOR (R$) |
---|---|---|
BTOW3 | 6.93325 | 70.33 |
USIM5 | 6.78149 | 9.92 |
NTCO3 | 6.26945 | 47.8 |
CSAN3 | 6.08365 | 83.7 |
GOLL4 | 5.88407 | 36.17 |
Maiores baixas
ATIVO | VARIAÇÃO % | VALOR (R$) |
---|---|---|
CIEL3 | -1.65746 | 7.12 |
CRFB3 | -0.45147 | 22.05 |
HGTX3 | 0.04082 | 24.51 |
ELET6 | 0.08039 | 37.35 |
BRFS3 | 0.19455 | 30.9 |
O Banco do Brasil (BBAS3) confirmou na noite de ontem que o Banco Votorantim, ou BV, protocolou pedido de registro de companhia aberta na CVM. Segundo o Banco do Brasil, que é sócio da Votorantim Finanças no BV, o banco planeja fazer uma emissão primária e secundária de “units” no mercado, mas em data a ser definida no futuro.
Já o Grupo São Martinho (SMTO3), um dos maiores da indústria canavieira do Brasil, publicou balanço e informou um lucro líquido de R$ 342 milhões no terceiro trimestre do ano-safra de 2019-2020 – que corresponde ao quarto trimestre do ano passado. O lucro do São Martinho cresceu 420% no período.
(Com Bloomberg)