‘Mandei suspender as concessões, mas isso não é censura’, diz Bolsonaro sobre obras culturais
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (16), ao lado do secretário da Cultura, Roberto Alvim, que pretende fazer “cultura de verdade no Brasil”. Segundo ele, até agora a ideia que se tinha era de fazer obras para uma minoria. Além disso, ele justificou as suspensões de programas de incentivo feitas em 2019. “Nunca censuramos nada, me revoltei com vários filmes, mandei suspender as concessões, mas isso não é censura”, explicou.
Durante o ano passado, Bolsonaro se posicionou contra obras que tratavam de questões sexuais, de gênero e críticas à ditadura militar. Em agosto, o Ministério da Cidadania suspendeu um edital que havia selecionado séries sobre diversidade de gênero e sexualidade a serem exibidas nas TVs públicas. Uma das obras atacadas por Bolsonaro foi a série “Me Chama de Bruna”, sobre Bruna Surfistinha.
Na live feita nesta quinta, Bolsonaro esclareceu que as pessoas podem fazer filmes com esse teor, “mas não com dinheiro público”. “Faziam filmes contra o lado bom do cinema. Para fazer um filme para falar a verdade de um período militar, nunca deixaram”, criticou.
Conservadorismo e arte
O secretário da Cultura, Roberto Alvim, anunciou novos editais que serão lançados para contar a “verdadeira história do Brasil” e “criar um cinema sadio, ligado aos valores e princípios do governo”, além de aliar o “conservadorismo com a arte”. Sua missão, justificou, é “produzir uma cultura que não destrua, mas que salve a juventude”.
Assim como Bolsonaro, Alvim também defendeu que as suspensões de programas de incentivo não se trataram de censura, mas sim de curadoria. “Todo patrocínio propõe uma curadoria, que decide qual filme pode de acordo com um comitê julgador”, explicou.
Um destes editais será o “Prêmio Nacional das Artes”, previsto para ser lançado em março. Em suas sete categorias, vai selecionar cinco óperas, 25 espetáculos teatrais, 25 exposições individuais de pintura e 25 de escultura, 25 contos inéditos, 25 CDs musicais originais e 15 propostas de histórias em quadrinhos.
Segundo Alvim, terão categorias de filmes sobre a independência do Brasil e grandes figuras históricas. Ele explicou, ainda, que a distribuição de verbas será feita de forma igualitária em todas as regiões do Brasil e que metade dos ingressos das apresentações serão gratuitos. Livros e HQs serão distribuídos sem custo. “Salvação do povo brasileiro através da cultura”, finalizou o secretário.